Como se sabe,
segundo a tradição, o Presidente do Brasil abre a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. Nesse
mesmo dia, o Presidente dos Estados Unidos da América também comparece à
Assembleia Geral. Assim, os dois discursos são objeto de análise nos principais
jornais estadunidenses, e há de compreender-se as diferenças respectivas na sua
repercussão, tendo presente que os discursos são proferidos em New York, nos EUA, aonde se encontra a sede da ONU. Este é o
primeiro desafio que enfrenta o presidente brasileiro.
Apesar da promessa de um discurso
"conciliatório". o
presidente Jair Bolsonaro deve aproveitar sua fala na abertura da
Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, dia 24 de setembro, para
enviar recados à comunidade internacional. A estreia do brasileiro na
organização terá respostas as críticas feitas à política ambiental de Bolsonaro
e à condução do combate às queimadas na Amazônia.
Como é do conhecimento geral, desde a campanha eleitoral Bolsonaro foi rotulado pela imprensa
estrangeira como um populista de extrema direita, com descrição dos episódios
da sua retórica e a respectiva visão acerca da proteção devida ao meio
ambiente. A pressão se intensificou em agosto, com a divulgação de dados sobre o au-mento do
desmatamento e das queimadas na Amazônia
neste ano de 2019, e provocou um embate público entre Bolsonaro e o presidente
da França, Emmanuel Macron.
A linha a presumir-se a ser seguida pelo presidente Bolsonaro será aquela adotada em seu pronunciamento na
TV feito após a intensificação dos protestos internacionais sobre a Amazônia.
Nessas condições, deve prever-se que Bolsonaro repita que o governo brasileiro
não tolera crimes ambientais, defenda a soberania no País, envie recados a
Macron e indique que as queimadas na floresta tropical não atraíram a atenção
da comunidade internacional em governos anteriores - sugerindo, por
conseguinte, que há má vontade com sua gestão. O governo também deverá trazer
dados para repetir o argumento de que as queimadas estão na média dos anos
anteriores.
Segundo se supõe, a ideia é tentar reverter a imagem de que as queimadas
foram produzidas pelo governo Bolsonaro, e abrir caminho para oportunidades
econômicas na região. O presidente
também deve indicar que o conceito de desenvolvimento sustentável existe com a
contribuição do Brasil e que o país está aberto
a iniciativas de desenvolvimento da região, com cooperação do setor
privado.
Nesse contexto,
Bolsonaro deverá citar no discurso a
Operação Acolhi-da, de recebimento de refugiados venezuelanos. O programa, que
é encabeçado pelos militares, tem boa recepção na comunidade
internacional. Segundo se presume, uma
ala do governo trabalhava para que o foco do discurso fosse esse, com a ideia
de virar a apresentação para uma pauta positiva - mas o predomínio da alocução
será sobre a nova gestão de Bolsonaro e as respostas sobre a situação
ambiental.
Bolsonaro já afirmou que
não pretende "apontar o dedo" para outros chefes de Estado em seu
discurso na ONU. "Nós temos que falar do patriotismo nosso, da questão da
soberania, do que o Brasil representa para o mundo, sempre aberto, um país cujo
povo é bem recebido em qualquer lugar. Aqui também tem formação de gente do
mundo todo", disse Bolsonaro anteontem, a jornalistas. "A ideia é
fazer um pronunciamento falando de quem nós somos, nossas potencialidades, o
que mudou também. Não tem mais aquela questão ideológica."
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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