domingo, 22 de setembro de 2019

O Discurso perante a AGNU


                                    
          Como se sabe, segundo a tradição, o Presidente do Brasil abre a Assembléia  Geral da Organização das Nações Unidas. Nesse mesmo dia, o Presidente dos Estados Unidos da América também comparece à Assembleia Geral. Assim, os dois discursos são objeto de análise nos principais jornais estadunidenses, e há de compreender-se as diferenças respectivas na sua repercussão, tendo presente que os discursos são proferidos em New York, nos EUA,  aonde se encontra a sede da ONU. Este é o primeiro desafio que enfrenta o presidente brasileiro.
              Apesar da promessa de um discurso  "conciliatório". o  presidente Jair Bolsonaro deve aproveitar sua fala na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, dia 24 de setembro, para enviar recados à comunidade internacional. A estreia do brasileiro na organização terá respostas as críticas feitas à política ambiental de Bolsonaro e à condução do combate às queimadas na Amazônia.
                Como é do conhecimento geral, desde a campanha eleitoral  Bolsonaro foi rotulado pela imprensa estrangeira como um populista de extrema direita, com descrição dos episódios da sua retórica e a respectiva visão acerca da proteção devida ao meio ambiente. A pressão se intensificou em agosto, com a divulgação  de dados sobre o au-mento do desmatamento  e das queimadas na Amazônia neste ano de 2019, e provocou um embate público entre Bolsonaro e o presidente da França, Emmanuel Macron.
                  A linha a presumir-se a ser seguida pelo presidente Bolsonaro  será aquela adotada em seu pronunciamento na TV feito após a intensificação dos protestos internacionais sobre a Amazônia. Nessas condições, deve prever-se que Bolsonaro repita que o governo brasileiro não tolera crimes ambientais, defenda a soberania no País, envie recados a Macron e indique que as queimadas na floresta tropical não atraíram a atenção da comunidade internacional em governos anteriores - sugerindo, por conseguinte, que há má vontade com sua gestão. O governo também deverá trazer dados para repetir o argumento de que as queimadas estão na média dos anos anteriores.
                     Segundo se supõe, a ideia é tentar reverter a imagem de que as queimadas foram produzidas pelo governo Bolsonaro, e abrir caminho para oportunidades econômicas na região.  O presidente também deve indicar que o conceito de desenvolvimento sustentável existe com a contribuição do Brasil e que o país está aberto  a iniciativas de desenvolvimento da região, com cooperação do setor privado.
                        Nesse contexto, Bolsonaro deverá citar  no discurso a Operação Acolhi-da, de recebimento de refugiados venezuelanos. O programa, que é encabeçado pelos militares, tem boa recepção na comunidade internacional.  Segundo se presume, uma ala do governo trabalhava para que o foco do discurso fosse esse, com a ideia de virar a apresentação para uma pauta positiva - mas o predomínio da alocução será sobre a nova gestão de Bolsonaro e as respostas sobre a situação ambiental.
                        Bolsonaro já afirmou que não pretende "apontar o dedo" para outros chefes de Estado em seu discurso na ONU. "Nós temos que falar do patriotismo nosso, da questão da soberania, do que o Brasil representa para o mundo, sempre aberto, um país cujo povo é bem recebido em qualquer lugar. Aqui também tem formação de gente do mundo todo", disse Bolsonaro anteontem, a jornalistas. "A ideia é fazer um pronunciamento falando de quem nós somos, nossas potencialidades, o que mudou também. Não tem mais aquela questão ideológica."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )                                           

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