As novas eleições são consequência das
anteriores, em que o cômputo dos votos das duas principais coalizões - a
direita de Bibi Netanyahu e o centro, de Benny Gantz - não lograram obter número
bastante de assentos no Knesset para formar governo com maioria.
Por enquanto, as pesquisas de boca de
urna - notoriamente inconfiáveis em Israel - não demonstram qual dos dois
contendores - se Netanyahu (que precisa governar para escapar da cadeia - o
procurador-geral montou já três processos distintos para mandá-lo para o xilindró),ou o general Benny Gantz,
líder do centrista Azul e Branco, qual dos dois disporá do número de assentos necessários para
formar um gabinete.
O fracionamento dos partidos - em sistema
eleitoral onde pululam os mini-partidos - é consequência de uma sociedade em que tais mini-partidos constituem veículos
para obter vantagens para as várias partes de sociedade corporativa, em que pequenos e
aguerridos grêmios existem para defender prerrogativas e mesmo privilégios (como
a isenção do serviço militar para determinadas seitas). Assim ao invés da
pergunta o que o cidadão pode fazer para o bem comum da sociedade, nos partidos
ditos religiosos a pergunta é diversa: o que a sociedade pode fazer por esse
particular segmento da crença judaica? A
dispensa do alistamento e do serviço militar obrigatório tem alto preço para um
país que depende do segmento jovem para servir em exército que lá está para
assegurar à sociedade a necessária defesa, dentro de quadro regional em que o
exército israelense é visto como garantia de sobrevivência em um entorno desse
país cercado pela presença da nação árabe.
Não é prognóstico fácil determinar
que coalizão - se o centro de Benny Gantz, ou se a direita representada por Benjamin Netanyahu - vai afinal chegar a
que os italianos chamam de camera dei
bottoni, após formar depois de infindas tratativas uma aliança de governo
com os respectivos aliados políticos. Não se exclui que a longa permanência de
Netanyahu no poder tenda a criar
condições para que a coalizão de Gantz possa ter a sua oportunidade perante a
sociedade israelense. Por outro lado, a longa permanência no poder de Bibi
Netanyahu pode representar um fator de desgaste que abra as portas para que
o general Gantz traga proposta nova para a sociedade israelense.
Com efeito, a corrosão dos anos de
poder - e da corrupção que está cinzelada nos três processos penais que
incriminam o chefe do Likud - pode significar um fator não-negligenciável para
debilitar Netanyahu e criar condições para que o presidente de Israel convoque
o general
Benny Gantz, para formar o novo
gabinete. Sem o cinismo das continuadas reeleições e da permanência ilimitada
nas aras do poder, o general Gantz pode alcançar o impensável, vale dizer ser o
novo primeiro ministro de Israel.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário