terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O Brexit e Theresa May


                              
        Hoje é o dia grande, mais do que grande dia.  Há uma maldição sobre este Brexit que só os imprudentes e os medíocres se recusam a ver.  Primo, a incrível displicência misturada com crua incapacidade de David Cameron. Pensara imitar Tony Blair e convocar mais um referendo sobre a Comunidade Europeia e o Reino Unido, imaginando o tolo, que os deuses lhes seriam favoráveis uma vez mais.
           Cameron já é história e, sejamos francos, não passa de uma estória pobre, daquele a quem falta grandeza, quando a seus maiores a noção do interesse inglês repontava alto, e por isso venceram o rochedo dos nãos de de Gaulle,de que o passar do tempo cuidaria.
           Mas a May é outro tipo de mediocridade, daquela que luta, ainda que obnubilada. Não há decerto exemplo de Primeira Ministro que menos esteja à altura da oportunidade histórica. E essa porta entreaberta permitirá que os Comuns ouçam a voz do bom senso, que nada tem a ver com heróicas saidas com nomes retumbantes que levam diretamente ao Hades da negação de um destino europeu, que a todos sobreleva.
           Que a líder de Sua Majestade pouco ou nada entenda da vocação desse Reino Unido, é na verdade o destino. Cada Churchill tem a sua hora, e a Inglaterra então defrontava no Continente com outro tipo de desafio, na verdade mortal. Hoje, passada a ominosa ameaça, se importa não esquecer as longínquas glórias passadas, trata-se de empregá-la para melhor entender o desafio da hora presente, que nada tem a ver com o poder continental de bárbara fúria, que crescia diante de primeiros Ministros como Chamberlain que ainda acreditavam possível negociar com Adolf,  naquela hora que mais tarde seria definida como a mais bela da Inglaterra.
              Hoje continuam a pulular as mentes pequenas, aquelas que se recusam a entender e aceitar a progressão dos tempos, e os outros, diferenciados, desafios que possam apresentar.
               Quis a sorte madrasta que  Theresa May tenha continuado na direção das grandes questões nacionais, quando sempre a rotação do próprio motor terá sido adequada para os pequenos desafios da Pasta da Interior.
               É de esperar-se que a Álbion logre escapar da hora presente, apesar da indecisa timoneira.  Cercada pelas vorazes ambições dos senhores de Westminster,  é importante que forças maiores se alevantem, para que os planos mirabolantes dos que pensam surfar na cândida mediocridade da May também se dêem mal, porque para quem vê essa grande confusão -  what a mess Madam have you created out of sheer, dismaying incapacity! 
                  Desde muito que o Povo inglês vê com inquieta preocupação a grande ambição de Jeremy Corbyn, que ainda pensa tirar bons resultados para seu partido of a great mess,  quando o momento não é o de pensar a la Cameron, e sim no interesse maior do Povo inglês, que vê claramente inscritos, e não no cascalho das praias, mas nos seus conhecidos White Cliffs of Dover uma vez mais mostrando para quem quer ver que  o destino do Reino Unido já se desenha claro e inconfundível naquela velha união com o Continente, que desejada e batalhada no passado pelos seus maiores - que hoje avultam gigantescos diante dos anões e anãs do tempo presente - era e é o bom combate, que néscios podem enjeitar, mas não aqueles que conhecem a Hora e como ela deva ser enfrentada antes que seja demasiado tarde.

(Fontes: New York Times,The Independent,GuimarãesRosa,Drummond de Andrade)            iHiH  HH      n


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