sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Ditador Maduro toma posse: até quando ?


                               
         O ditador Nicolás Maduro assumiu ontem, dia dez de janeiro, seu segundo mandato como Presidente, mas desta feita ilegal, sob pressão da comunidade internacional e, não por acaso, com retórica agressiva contra a Oposição. Entre as suas ameaças está a dissolução da Assembleia Nacional, com maioria da Oposição, e sem poderes efetivos há três anos (a sua 'culpa' principal: ter predominância oposicionista).
            A "posse" foi criticada por Estados Unidos,União Europeia, OEA e os países sul-americanos, com o Brasil à frente.
             Por primeira vez na Venezuela, o Presidente teve de acorrer ao Judiciário, para que no seio consensual de juízes corrompidos, aí tomar posse conspurcada por vício de origem. Nesse contexto, a legitimidade do Parlamento, em tal seio de legalidade inconspurcada, tornaria inviável a posse.
              O Ditador de fancaria não se pejou de declarar - não se sabe se por demência ou outra fuga da realidade - que a eventual dissolução ocorreria pela Assembleia Constituinte, aquela mesma que teve a formação conspurcada por fraude tão grosseira quanto abundante, a ponto que a própria firma europeia cuidadora das formalidades não hesitara em denunciá-la, apesar de regiamente estipendiada. Ainda segundo o Ditador Maduro - que não se pejaria de ser ungido por poder tão ilegal quanto nota de três reais - a Assembleia legítima poderia ser fechada e novas eleições convocadas se os "constituintes" o julgassem necessário. São esses mesmos "constituintes" que nos seus dias de poder o estamento petista não hesitara em elogiar.
                Apesar de todos os empecilhos e dificuldades colocadas pelo poder discricionário, a Assembleia legítima segue se reunindo desde que eleita em 2015, e prometeu não reconhecer a presidência de Maduro. Outro marco de desdouro, é o primeiro governo não-democrático desde o inglório fim da ditadura  militar de Marco Pérez Jiménez, em 1958. Por sua vez, o Grupo de Lima, composto por países sul-americanos que monitoram a crise, exige que Maduro deixe o cargo e a Assembleia Nacional crie condições para o governo de transição.
                 O novo presidente da Assembleia, Juan Guaidó, pediu ontem aos militares insatisfeitos que atuem contra o Governo Maduro: "Fazemos um pedido às Forças Armadas, aos oficiais honrados que não se deixaram corromper: dêem um passo à frente e desconheçam o que não foi produto do voto popular".  
                  Como é sabido, Maduro foi "eleito" em abril de 2018 em eleição boicotada pela Oposição, com 70% de abstenção e muitas denúncias de fraude generalizada. Já a eleição havia sido antecipada para aquele abril, em tentativa de "amenizar" os efeitos da crise econômica sobre o conjunto do eleitorado.
Reação da Comunidade Internacional.      Em Washington, a OEA aprovou resolução que não reconhece a legitimidade do novo mandato de Maduro. Em rápida votação, que durou cerca de trinta minutos, dezenove países do Conselho Permanente aprovaram o texto. 
                        O texto da OEA encarece igualmente que todos os membros, de acordo com a legislação internacional, adotem  "as medidas diplomáticas, políticas, econômicas e financeiras que considerem apropriadas para contribuir para a restauração da democracia na Venezuela."
                         Tampouco o Governo estadunidense reconheceu  a posse de Maduro. Nesse sentido, o Secretário de Estado Mike Pompeo defendeu que o país inicie a transição para o sistema democrático. O Presidente argentino, Maurício Macri declarou que a Venezuela é hoje uma ditadura e acusou Maduro de se "vitimizar" perante a comunidade internacional. Em resposta à rejeição internacional, Maduro disparou críticas e não poupou ironias. Assim, o ditador chavista afirmou que Ivan Duque, presidente da Colômbia, "tem medo" da Venezuela. Sobre o peruano Martin Vizcarra, Maduro disse "que não sabe quem é", e nem "como chegou  à presidência do Peru". Não surpreende, portanto, que haja chamado o brasileiro Jair Bolsonaro de "fascista".
                          Segundo registra o Estadão, até a noite de ontem, dez de janeiro, nem o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, nem o Presidente da República haviam respondido aos ataques do Ditador Maduro.
                         Dentro da tradição brasileira, a única reação veio de parte do Itamaraty. Em nota, a Chancelaria declarou que apóia a "Assembleia Nacional".  "O Brasil confirma seu compromisso de continuar trabalhando para a restauração da Democracia e do Estado de Direito na Venezuela."


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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