domingo, 18 de março de 2018

Temer vai disputar reeleição ?


                                    

         O Estadão de hoje reserva sua manchete principal à seguinte notícia:  "Temer decide disputar a reeleição e avisa aliados".
            Há algum ceticismo no ar, diante da elevada rejeição que o atual mandatário enfrenta, com a sua obstinada permanência nos dígitos singulares.
            A despeito da elevada rejeição apontada nas pesquisas, Temer - segundo assinala o Estado de S. Paulo - entende que ninguém melhor do que ele será capaz de defender o seu legado.  Como a esperança é a última que morre, assessores entusiastas da reeleição  avaliam que a recuperação da economia e outras medidas que o governo pretende adotar até o final deste presente mandato podem alavan-car seus índices de aprovação.
            Consoante assinala o Estado, a tendência no Planalto  é de que essa decisão por enquanto não seja anunciada em caráter oficial porque, conforme a legislação, o presidente pode concorrer à reeleição sem ser obrigado a deixar o cargo em abril, como acontece, por exemplo, com governadores e ministros. 
            Ainda segundo tal raciocínio, se evitaria igualmente a politização das futu-ras ações de seu governo. Apesar dos baixos índices de aprovação de seu governo  -  6% segundo o último Ibope - o presidente acha que ninguém melhor do que ele será capaz de defender a própria honra e o respectivo legado. 
             Tampouco Temer tem a pressão do calendário eleitoral, já que pela legislação ele não precisa deixar o cargo até abril para concorrer - como ocorre, v.g.,  com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.  Este carece de deixar a pasta nos próximos dias, se ambiciona concorrer ao Planalto. Por isso, Michel Temer não tem pressa - pode decidir até julho - e vai esticar ao máximo o anúncio oficial da candidatura. Com isso evita também a politização de todas as futuras ações de seu governo.
             Se ao assumir o Governo Temer se comprometeu com os partidos aliados a não tentar eventual reeleição em troca de sustentação política, para ele o problema é que o quadro que havia em 2016 mudou radicalmente, na sua avaliação. O senador tucano Aécio Neves (MG) é tangido para fora do quadro depois das investigações abertas a partir do mega-escândalo da J&F.Além disso, o PSDB passou a adotar tom crítico e se afastou do Governo federal. Outras relações igualmente mudaram, eis que o pré-candi-dato tucano Alckmin não se empenhou em impedir que a bancada paulista do PSDB votasse a favor dos pedidos por seu afastamento.
               Também a relação mudou com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também já se lançou pré-candidato ao Planalto, com atitudes menos amicais, beirando o hostil, quanto ao legado de Temer.
                  O grande desafio, porém, é que Temer não ignora que sua baixa popularidade faz com que vários dos potenciais aliados, dentro do MDB,  prefiram que ele cumpra apenas seu mandato até o fim e libere o  partido para tomar outros rumos.
                    Em vários Estados, como Ceará, Alagoas e Goiás, inclusive, o MDB deve fechar alianças regionais com o PT, que hoje constitui o principal opositor ao Planalto. Na sua linguagem esquizofrênica líderes petistas como Dilma Rousseff falam do "golpe" como se tivesse existência fática.  A par disso, uma recuperação mais lenta da economia poderia frustrar de vez os planos do Presidente Temer e convencê-lo a desistir dessa empreitada de sua recandidatura.
                   Se Temer ficar convencido da própria inviabilidade, ele fará o movimento na direção de outro nome. A alternativa do ministro Henrique Meirelles merece consideração, embora o ministro da Fazenda não seja carismático. Mesmo assim, sem embargo,  Meirelles semelha para Temer constituir uma boa alternativa.
                   Que fatores levaram Temer a considerar a opção do intento por um novo mandato presidencial? Na visão do Estadão, ele quer defender sua biografia pessoal e profissional. Acha que na campanha poderá mostrar que conduziu o País para a recuperação econômica num dos momentos mais graves de nossa História.
                  Mas o seu propósito não se limita a tal. Quer rebater os ataques pessoais que vem sofrendo - e que considera injustos. Fora da corrida pelo Planalto, Temer sabe que perderá protagonismo político, já que não mais representará  perspectiva de poder. Como candidato, na sua visão, tal prazo de validade se amplia.       
                  Para se fortalecer, Temer vem assumindo medidas de interesse e appeal popular. Assumiu o discurso da Segurança Pública, com a decisão de autorizar a intervenção nesta área do Rio de Janeiro, anunciada em fevereiro último. Sem conseguir o necessário apoio do Congresso, também preferiu enjeitar por ora a desgastante proposta da Reforma Previdenciária, por importante e indispensável que seja.  E agora, já sinalizou com a possibilidade de aumentar o valor do Bolsa Família, mirando especialmente na camada mais pobre da população.  Entra, no entanto, em área discutível do assistencialismo, com as suas conotações demagógicas.
                    Durante o seu mandato, ele foi denunciado por duas vezes pelo então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.  A acusação se baseou  nas delações de executivos  da JBS, mas as denúncias foram derrubadas em votação no plenário da Câmara, em duas oportunidades.
                    Por fim, Temer tem sofrido ações  inusitadas de Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, que, segundo editoriais de O Estado de S. Paulo,  invadiriam prerrogativas constitucionais do Presidente da República.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: