domingo, 25 de março de 2018

Massacres à bala nos EUA


                                          

        Até pouco tempo, a NRA podia continuar com o seu cínico e mortal sorriso, que se escudava em uma das primeiras emendas à Constituição americana, aquela que dá direito ao cidadão para armar-se por causa das perigosas incursões de indígenas, incompreensivelmente em revolta diante da ocupação de suas terras pelos colonos americanos.
         De tudo houve nessa luta para impedir que a NRA continuasse a vender armas à tripa forra, sem qualquer limitação, mesmo aquelas espicaçadas pelos inúmeros massacres de jovens, menos jovens, e até crianças, como no episódio de trucidamento de inocentes por um bandido fortemente armado, no Leste Americano.
        Foram os infantes que morreram que fizeram Barack Obama ir a tal escolinha em Rhode Island, e fazer choroso, plangente apelo à National Rifle Association e ao Congresso americano, para que afinal baixassem alguma determinação de bom senso para controlar aquele cínico massacre.
        Que fosse massacre a palavra era inteligível até para cínicos legisladores. Mesmo assim, diante do absurdo de que psicopata realizasse massacre em uma instituição para crianças e infantes, nada disso foi suficiente para que os todo-poderosos da National Rifle Association fizessem qualquer movimento para retirar dos americanos todos, inclusive bandidos e psicopatas, o imundo direito de servir-se das armas para matar crianças e toddlers.
        Mas parece que agora surge gente de outra têmpera, que saberá transmitir mensagem que a NRA e toda a cáfila dos portadores de arma, e por isso potenciais matadores, como o penúltimo de Las Vegas e o último na Escola Ginasial, em Parkland Florida, como Emma González.
        Com quatro minutos e 26 segundos de silêncio, antecipando as próprias palavras a estudante Emma González, falou perante dezenas de milhares de Demonstrantes na  Marcha por nossas vidas, em Washington, DC.  Descreveu os efeitos da violência armada, e recitou os nomes dos colegas que foram mortos.  Precederam-lhe  a  fala os citados quatro minutos e 26 segundos, o tempo gasto pelo assassino que deixou dezessete alunos estupida e selvagemente mortos.
        É tempo para que cessem os apelos chorosos, que a NRA e sua malta cinicamente desconhecem.  Depois de cessar de atirar, o matador da vez largou o rifle e se misturou com os alunos que corriam, pensando escapar da fúria assassina. Ele caminharia livre por uma hora, até ser preso.
"Lutem por suas vidas, antes que isso vire trabalho de outrem", e depois Emma González desceu do palco.
           Em assembléias reunidas através dos Estados Unidos, muitos oradores - a maior parte, estudantes - denunciaram a violência das armas de fogo e se comprometeram  a não deter-se "diante de nada" antes que seus líderes eleitos agissem para prevenir a violência pelas armas.
           E as fotos tomadas das manifestações de protestos tendem a indicar que as chamadas dos cidadãos por ações contra a violência pelas armas podem estar crescendo e se avolumando em modos e maneiras que não foram vistos ao ensejo de outros fuzilamentos de massa. 
            Em outras palavras, ver e ouvir seus jovens colegas, inocentes e desarmados, serem abatidos por psicopatas armados pode afinal estar conscientizando a gente jovem americana, cansada pela covardia dos parlamentares diante da National Rifle Association e das numerosas e cínicas deturpações do alegado direito às armas - sem qualquer limite, como comprovado em Las Vegas, pelo psicopata da vez - está pronta a fazer sentir o próprio Basta! a tamanha hipocrisia - que encobre tantas mortes estúpidas, que também respingam sobre os políticos - de presidente a legislador, escada abaixo - que mais se assinalam pela covardia  e  o cinismo que é um outro nome de quem lava as mãos, com as cínicas lágrimas respingando na bacia de Pilatos.

(Fontes: The New York Times; Rede Globo )          

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