quarta-feira, 28 de março de 2018

Fachin: ameaças à família


                                   

      Pelo visto a proximidade de várias decisões relevantes sobre a próxima eleição, e em particular a determinação da situação legal do ex-presidente Lula da Silva tem criado atmosfera infelizmente propícia para que certos segmentos  que tendem a buscar atuar de modo que privilegie de forma perigosa e mesmo ilegal intentos que tentem valer-se de meios fora do circuito da normal disputa política, com o escopo de pescar em águas turvas, e vir a subverter posições que muitos de tais círculos interpretem como potencialmente negativas e, por conseguinte, dentro dessa paralógica da ilegalidade e da consequente visão da violência (ou ameaça de) como um recurso para tentar mudar a configuração de determinado estado de coisas, que dentre esses círculos da páralegalidade - aqueles setores que um chefe militar no passado se referira a companheiros sinceros porém violentos  - tende a ser encarados como meios a serem empregados como espécie de ultima ratio.
       O Ministro Edson Fachin afirmou ontem, 27 de março, que sua família está recebendo ameaças. Nesse sentido, pediu providências sobre o caso à presidente da Corte, Ministra Cármen Lúcia.

       Fachin em entrevista televisiva ao jornalista Roberto D'Ávila demonstrou certa tensão. Para ele, o principal receio é de que algum familiar seja atacado por causa de sua atuação no STF. "Essas circunstâncias não são singelas, mas em relação a mim, que aqui estou por ter respondido afirmativamente ao chamamento que a vida me fez (...) sou grato à vida por poder prestar esse serviço. Fico preocupado com aqueles que, membros da minha família, não fizeram essa opção e poderão eventualmente sofrer algum tipo de consequência. Mas espero que nada disso se passe", afirmou. Indicado para o Supremo pela então presidente Dilma Rousseff em 2015, ele não relacionou as ameaças a nenhum caso específico em que esteja atuando ou que tenha julgado.
        Nesse sentido, e ainda de forma genérica, Fachin afirmou que as autoridades públicas precisam ter comportamentos exemplares em meio à tumultuada situação atual do país. "Esse fenômeno tem implicado uma certa diluição da autoridade das instituições, dos que ocupam função pública e, ainda mais grave, da autoridade do próprio sistema normativo. O problema é que o outro lado dessa diluição é mais ou menos o Estado de todos contra todos, uma certa barbárie", avaliou.  Para Fachin, a tarefa de ser relator da Lava Jato é "um grande desafio".

          Ontem, o Supremo informou em nota que autorizou o aumento do número de agentes para escolta permanente de Fachin. A presidência do STF reforçou  pedido para que a Diretoria-geral da Corte examine e tome providências para aumentar o número de seguranças para a família do ministro em Curitiba.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )


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