quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Terá a Merkel o quarto mandato?


                    
        Depois de longas, maçantes, intermináveis mesmo, negociações, parece (repito, parece)     que um novo gabinete alemão está para ser formado, gabinete este que trará de volta a grande coalizão (CDU mais SPD), e a que se agrega o parceiro bávaro da CDU que é a CSU.
         Se a Chanceler deve continuar a ser Ângela Merkel, haverá dife- renças importantes na composição desse quarto ministério a ser presidido pela Merkel.
         No papel,  a formação do gabinete se diferencia dos anteriores, em que Ângela Merkel já tinha posição preponderante. Desta feita, pelo menos pelo que está no papel da coalizão, as coisas não serão bem assim, mas resta demonstrar como os fatos evoluirão. Por ora, a Merkel será ladeada por dois sociais-democratas, Martin Schulz, que será o Ministro do Exterior, e o atual prefeito de Hamburgo, Olaf Scholz,  como Ministro das Finanças.
          Os sociais-democratas terão sete ministros (Exterior,  Finanças,  Justiça, Trabalho e Meio ambiente, entre outros), mais do que os cinco da União Democrática Cristã (CDU), mas cabe notar que a CDU da Merkel e CSU (a aliada bávara da CDU) de Wolfgang Schäuble, que nos três ministérios anteriores sempre ocupara a pasta das Finanças, desta feita terão oito ministros, entre os quais Interior, Defesa,Saúde e Educação.
           A Grande Coalizão representa ainda um enigma, na medida em que vá  evoluir.  A anterior foi dominada pela Merkel, mas as condiçoes eram diversas, e a SPD ora se precauciona com as pastas do Exterior e das Finanças.  Contam como aliado extra-fronteiras, mas dentro da UE o Presidente da França,  Emmanuel  Macron, que é favorável às reformas.
           Antes que o ministério seja constituído, ele terá de passar pelas Forcas Caudinas  da aprovação pelos 464 mil  militantes socialistas. Esse referendo pela base inclui muitos perigos, eis que teria havido inchação de delegados que terão ingressado com o intúito específico de votar contra a nova presidência da Merkel. Como a política se faz no domínio do possível, esse assemblearismo da SPD pode lhe sair pela culatra. De toda maneira,  tal insólito referendo das bases traz uma senhora incógnita para o processo.
                 Por ora,  fala-se muito na presente fraqueza de Ângela Merkel. Se ela passar pela aprovação das bases social-democratas,  é claro que um voto contrário dos militantes socialistas poria a Grande Coalizão por terra, e traria a perspectiva, no mínimo indefinida, de um gabinete minoritário da Merkel.    
                  Sem embargo, desejarão acaso os sociais-democratas, notadamente a sua base, realizarem esse gesto de bravura, ainda que de perigosos efeitos,  pois podem ficar ao cabo com as mãos abanando uma vez mais?


( Fonte:  O Estado de S. Paulo, Enciclopédia Delta-Larousse )

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