quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Resistência palestina no banco dos réus ?


          
        Qual o escopo do julgamento militar de uma palestina, Ahed Tamimi, de 17 anos de idade, que é mantida presa desde 19 de dezembro último, acusada de dar tapas e chutes em dois soldados da ocupação israelense? Será que todas as forças de ocupação padecem da mesma falta de juízo?
        No julgamento castrense, realizado em quartel, de Ofer, na Cisjordania - em localização árabe-palestina, e que está submetida a ocupação militar desde a guerra-relâmpago,  em que Israel se apropriou, contra resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de boa parte do território palestino, na época sob jurisdição jordaniana.
        O fato de ser menor de idade, assim como a motivação ridícula da sua já longa detenção, também lhe reserva a oportunidade de ter um juiz militar israelense, mostrando que, como poder ocupante, o governo de Tel-Aviv não está para brincadeiras.
         Diplomatas da Alemanha, França, Reino Unido e Suécia compareceram à abertura do "juízo" e viram que a menor Ahed chegou algemada à audiência. O juiz, sem pestanejar, ordenou a retirada dos diplomatas do recinto, de certo pelo perigo que a sua presença  pode acarretar.  Com a mesma tolerância,  Sua Senhoria determinou a saída dos jornalistas, sob o pretexto de que a acusada é ... menor de idade.
          Segundo a advogada Gaby Lasky, que é israelense, o objetivo do processo "é impedir que Ahed e outros jovens palestinos protestem." Ahed Tamimi foi filmada em quinze de dezembro, durante protesto contra a decisão do Presidente Trump de reconhecer Jerusalém, como capital de Israel. A cena aconteceu  na parte fronteira da casa da família da adolescente, que teve parte de suas terras (ilegalmente) confiscadas  para construção de assentamentos de colonos israelenses.   

         No ato de protesto, um primo de quinze anos de Ahed foi atingido na cabeça por projetil de aço revestido de borracha. Depois disso, ela foi com a mãe e uma prima até os dois soldados. No vídeo, os militares não reagem aos tapas e pontapés da jovem.  Em Israel, as imagens provocaram queixas de que eles tinham sido humilhados.  Dá uma certa ideia do nível do gabinete de Netanyahu que o seu Ministro da Educação, Naftali Bennett, disse que Ahed e a prima "deveriam terminar seus dias na prisão."
                 Nessa corte kanguru,  a acusação não se peja de responsabilizar a adolescente de doze crimes,  incluindo agressão, obstrução do trabalho dos soldados e incitar outros palestinos a protestar.  A mãe e a prima, que aparecem no vídeo, também serão julgadas.
                  Cerca de seiscentos membros do clã Tamimi vivem em Nabi Saleh.  Ahed participa de manifestações contra a ocupação da Cisjordânia (que é ilegal, condenada por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas) desde menina.  Mostra a sua firmeza e patriotismo desde garota de onze anos, quando foi fotografada diante de um militar da força de ocupação israelense, com o punho cerrado e erguido.
                   Não parece interessante como as forças de ocupação são odiosas e odientas para a população palestina? A maneira como os chamados "colonos" se apropriam de terras palestinas, com a conivência das Cortes de Justiça, do Exército  e do próprio governo israelense,  é como se enterrassem nas terras da velha Palestina aquele sentimento de rejeição e de revolta que há de levar à ulterior recuperação das terras,  de resto com a autoridade do Conselho de Segurança das Nações Unidas que então se manifestara em favor dos direitos do Povo palestino, em numerosas resoluções.  Será que tais resoluções para sempre dormirão como a letra morta que hoje são?

( Fonte: O Globo )
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