terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Hillary reaparece

                             

       Quinze meses já passaram após a sua inesperada derrota contra o concorrente Donald J.Trump e, por fim, Hillary Clinton volta a Washington.
       Não há negar que Trump com a sua anti-maneira de governar, a circunstância de estar submetido a uma investigação - que pode dar-lhe o destino de Richard M.Nixon - pelo Conselheiro Especial  Robert Mueller III,  e a sua ojeriza ao estrangeiro arrasta essa cidade, que já é um pouco provinciana nos costumes e aparências, a não ter a presença internacional que o estranho Trump, com suas teses, muitas das quais na contra-mão da História, crie óbices desnecessários  para a projeção americana.
        Ao formular essas frases e palavras, quase sinto a discordância de muitos,  que pensarão ser a figura do presidente uma expressão menor na capital.  Não poderia discordar mais. Alguém que tivesse maior presença, que não estivesse quase que unicamente preocupado em afastar a ameaça da investigação, e que restringe muitas de suas atividades a uma visão paroquial da comunidade internacional,  como se observou, de resto, no seu estranhíssimo comportamento quando da visita de Frau Angela Merkel, tende a representar um óbice para a significação de Wahington enquanto capital.
           E é exatamente nessa linha de cosmopolitismo que Hillary pautou a sua palestra, pronunciada na Universidade de Georgetown. Quinze meses depois da posse de seu adversário, a que com grande espírito compareceu,  Hillary volta a Washington. Para esse estranho recuo americano, disse Hillary: "Temos de restabelecer a voz dos Estados Unidos na arena mundial", declarou  a ex-candidata à presidência  nesta segunda-feira, cinco de fevereiro. "Se você começa a não ligar ou rejeitar o que acontece no mundo, você começa a perder batalhas."
            A democrata igualmente voltou a criticar o sexismo como fator que contribuíu para a sua derrota em 2016, e acrescentou que continuará na "linha de frente da democracia."
            Hillary discursou para estudantes na Universidade de Georgetown, ao ensejo de evento em homenagem a mulheres que buscam direitos humanos, paz e justiça.  O Prêmio leva o nome de Hillary Clinton e é concedido anualmente pelo Instituto Georgetown pelas Mulheres, Paz e Segurança.  Foram agraciadas neste ano a ex-refém do Estado Islâmico, Nadia Murad, a ativista de Mianmar Wai Wai Nu e a canadense Lyce Doucet, correspondente da BBC.
             Hillary foi apresentada como a primeira mulher a disputar uma eleição para a Presidência dos Estados Unidos, e que ganhou a votação direta, chamada popular, por cerca de três milhões de votos.
             Usou o palco para defender o protagonismo feminino na política e na sociedade, e também para criticar  Donald Trump. Nesse contexto Hillary apelou para que os Estados Unidos não abandonem o Acordo de Paris sobre o Clima. A intenção de Trump de abandonar o acordo climático foi anunciada em janeiro 2016, mas isto só será possível por suas regras a partir de 2022.
             Defendeu, além disso,  a mobilização popular e estudantil pelo tema, dado o absurdo da decisão.
              Na sua discordância de Trump e de sua postura retrógrada, disse "A verdade está sitiada. O trabalho do jornalismo é crucial nos dias que correm."


( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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