segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Xi Jinping se eterniza no poder


                         

        Os líderes chineses anteriores tinham dois mandatos de quatro anos, e com tal limitação temporal se buscou dar menos poder aos ocupantes do executivo, a partir de Deng Xiaoping.
         Quando assumiu, Xi Jinping teve quatro anos para o primeiro mandato,  mas agora o Partido Comunista Chinês propôs o fim do limite de uma reeleição para o presidente e o vice no país. Com isso, se pavimenta o caminho  para que o líder  Xi permaneça de forma indefinida no comando do país.
          O que se buscara com a barreira anterior de apenas uma reeleição, ora desaparece do horizonte. Na falta de um limite, a tendência para a ditadura sem contrapesos desaparece,  como se caracteriza o longo período do poder de Mao Zedong. Esse caráter absoluto de um mando que não tem outro limite temporal que o da morte reforça a tendência autoritária do Chefe Supremo, e o longo arco do regime maoista é prova disso.  
             Desde a respectiva assunção inicial,  Xi se assinalou por um poder que era bastante superior ao de seus antecessores imediatos. Como em todo regime com tal caráter tendente ao fortalecimento da autoridade,  é grande a potencialidade de que o executivo se reforce, máxime em uma sociedade caracterizada pela força intrínseca do mandante.
              Sem o contrapeso da democracia, mesmo em forma incipiente, a tendência  para o absolutismo aumenta, e com ele a falta marcante dos controles da opinião pública que em tais ambientes não tem a influência positiva que em geral ela exerce  em forma crescente, à medida que diminui o espaço da livre opinião e debate. O engessamento da autoridade a afasta da saudável poluição democrática, e torna a atmosfera cada vez mais sufocante em termos  do livre debate das ideias.
                A longa supremacia de Mao Zedong e o crescente enrijecimento  do próprio regime - e não é a toa que Xi devota a Mao grande admiração - tenderá à sufocação de tudo o que é novo e, em especial, a todos os matizes da liberdade, cuja criatividade passa a ser propriedade exclusiva do poder supremo. Se está garantida, pelas peculiaridades do consequente inexorável retrocesso, a queda ulterior deste regime,  infelizes serão aqueles que se vêem constrangidos a seguir, com passos lentíssimos, a própria decadência, dada a sufocante atmosfera, de que o longo estirão de mando do ídolo de Xi - Mao Zedong - constitui a acabrunhante projeção, de um porvir que literalmente rouba aos jovens e menos jovens o livre espaço da esperança.

 ( Fonte: Folha de S.Paulo )

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