sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Má-fé ou Fraqueza política ?


                     
        Não sei se algum dia os Estados Unidos da América se livrarão de tais morticínios  que, embora não tenham data marcada, estão escritos em letras garrafais na memória desse país.
        Enquanto nenhuma medida for tomada no que tange à instrumentalização da emenda constitucional nº 2, de quinze de dezembro de 1791- do tempo em que possuir um arcabuz podia ser vital para a sobrevivência do colono americano - o Congresso continuará cinicamente a empurrar com a barriga esse escândalo, que é, entre outras, uma mostra da covardia dos senhores representantes da Nação estadunidense diante da National Rifle Association.
         Há toda uma série de acontecimentos que já teriam motivado atitude e a conse-quente medida que tivesse um mínimo de coragem política e de hombridade para enfrentar esse escândalo repetido no cotidiano estadunidense.
         Por maior que seja o ódio ensandecido e só plenamente inteligível por doutores em psiquiatria, tal atitude de matador compulsivo - e no espaço curto de passado recentíssimo ao morticínio da Florida se junta revoltante, o mega-massacre de Las Vegas,  os dois perpetrados por solitários assassinos, movidos por insondáveis raivas e compulsões produzidas pela vida moderna,  através dessa sustentada e contínua soma de covardias políticas dos dois grande partidos americanos, subsiste sempre o ignóbil silêncio das autoridades, a começar daquela do Presidente, e o que é ainda pior,  uma prostração mental que, como se o poder político - entendido enquanto Presidência da República,  Corpos eletivos de Senado e Câmara de Representantes, e também a Suprema Corte dos Estados Unidos - que é quem interpreta a Constituição, e poderá, portanto, declarar ex cathedra, que a Lei Magna está sendo mal interpretada, porque na mente do legislador jamais se poderá encontrar motivo que justifique esta total falta de mínimas condições de bom senso que hoje possibilitam a endoidecida licença para matar todos e qualquer um.
        Referi-me há pouco ao silêncio da autoridade.  Se poderá contestar que o atual Presidente veio a público, mas, per caritá, há diferença substancial enquanto à atitude pró-ativa, que enfrenta o problema, procura analisá-lo, e distinguir meios e modos de dominá-lo. Todos sabemos que, por partido, histórico e linha política, o controle das armas que é o busilis da questão não será sequer citado pelo Presidente Donald JohnTrump.
        Outros presidentes no passado, como Barack Hussein Obama, se mostraram compreensão do problema e mesmo até emotividade, falharam também pela omissão, pois houveram por bem não colocar a própria força política a serviço do interesse dos Estados Unidos. Porque não se enganem, senhores políticos, de o que está em jogo.
        Recuar ou o que é talvez ainda pior para o Estado da Nação,  nada fazer - porque queixumes e choramingos não se traduzem em linguagem para os Estados Unidos -, sobretudo diante do desafio toynbeeano dessas hediondas, mentecaptas matanças, equivale a trazer o Povo Americano para os páramos do declínio, a que introduziu a Superpotência, seja por nescidade, seja pela hübris que visita os poderosos  e pode sinalizar-lhes a decadência,  situação sinuosa cuja sutileza se vai com a corrente dos sucessos e sobretudo insucessos dos eventos, a  ponto de confundir os contemporâneos que muita vez invectivam contra os causadores imediatos como, v.g. o  Presidente George W. Bush, diante dos bilhões de dólares dispendidos na insana guerra do Iraque, para destruir as armas de destruição em massa, que o ditador Sadam Hussein não possuía, e de cujos calamitosos  percalços para os cofres de Tio Sam  poucos hoje se lembram.       
          E é por isso, talvez, que agora tanto se fale na decadência da Super-potência. O  último pleito e a vitória obtida por quem não era considerado como o melhor candidato, tanto que a sua Administração hoje se arrasta de escândalo em escândalo, e a possibilidade do impeachment há muito deixou  de ser simples hipótese acadêmica,  tem trazido muitos sobressaltos  para os Estados Unidos.
          É difícil lembrar de um acting president  que, no passado recente, tenha enfrentado tantos problemas, escândalos  e desafios,  com exceção é claro de Richard Milhous Nixon.

(Fontes: Arnold Toynbee, A Study of History; The New York Times; O Estado de S. Paulo )

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