segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Auxílio moradia a Juízes


                         

        Afinal, ao que parece, será regulamentado o custoso penduricalho do auxílio-moradia, que já foi objeto de blog desta coluna. 
        Como se sabe, apesar da dúbia legalidade do procedimento,  o ministro Luiz Fux, do STF, concedera liminar aos magistrados, em 2014, determinando o pagamento de R$ 4.378,00 mensais.
        Agora, se diz que o assunto será levado ao plenário da Corte em março próximo. A ideia seria a de julgar a longeva liminar do ministro Fux, e impor algumas condições ao recebimento do benefício.
         Não há a menor dúvida que a generosa liminar do ministro Luiz Fux onerou bastante o Erário, e há ministros do STF que vêem inconstitucionalidade no pagamento do auxílio.
          Por outro lado, há inúmeros casos de magistrados que recebem a ajuda mesmo com imóvel próprio no município onde atuam.  É o caso - ora vejam só! - de Sergio Moro e Marcelo Bretas, da Lava-Jato, e de dois dos três magistrados federais responsáveis pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, i.e., Victor Laus e Leandro Paulsen, que também adotam essa prática.
                    Diante da cercania do juízo  e da crescente possibilidade  de que o auxílio ou possa ser podado, ou restringido ou até mesmo suspenso (segundo a Folha relata, nas palavras de um magistrado do tribunal, o pagamento do auxílio-moradia é "claramente inconstitucional").
          Em conversas reservadas, ministros do STF criticam a maneira como o montante é pago, sem restrições a quem deve recebê-lo.  No Supremo, de resto, nenhum dos ministros recebe a ajuda - seis dos onze ministros utilizam imóvel funcional, entre eles Gilmar Mendes, que possui imóvel próprio  em Brasília, conforme mostrou a Folha.
           Entretanto, os ministros do STF, sempre segundo a Folha, ainda não sabem como resolver a questão como um todo, incluindo os casos dos integrantes de tribunais superiores em Brasília.  Nesse sentido, eles estariam buscando uma solução intermediária, que  mantenha o auxílio, mas com restrições.
           Cármen Lúcia tem sido cobrada pela base da magistratura, que tenta evitar a perda do benefício.
           Nesse sentido, na semana passada, a Associação dos Juízes Federais doa Brasil (AJUFE) pediu ao STF para retirar a ação da pauta. Na petição, argumenta que o processo não está pronto para ser julgado porque falta uma manifestação da entidade.
           Salário no Judiciário.    Ele segue a referência dos valores pagos aos ministros do STF. Contudo, as diferentes ajudas de custo concedidas a magistrados (os chamados penduricalhos), como auxílio-moradia, auxílio-educação, diárias, passagens, não entram no cálculo do abate-teto - corte feito  nos vencimentos  dos funcionários públicos para que não ultrapassem o limite remuneratório definido pela Constituição (R$ 33,7 mil, equivalente ao salário dos ministros do STF).
            Portanto, na prática, o auxílio-moradia transformou-se em um aumento (a liminar do Ministro Fux pela qual ele autorizou o pagamento a todos os juízes do país data de 2014!). Por isso,  ministros do STF afirmam que a maneira como o auxílio-moradia foi feito  - por liminar e estendida a todos os  juízes - onerou os cofres públicos.
            A questão é por certo complexa e há inúmeros questionamentos. Para um magistrado, como o pagamento foi autorizado pelo STF e o CNJ, quem o recebeu o fez de boa-fé e, portanto, não há de discutir-se devolução de valores.
             Por fim, na passada semana, o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu o pagamento de "auxílio-saúde" e de "auxílio ao aperfeiçoamento profissional" para aquisição de livros jurídicos e material de informática a membros do Ministério Público estadual de Minas Gerais. Barroso pediu urgência à Presidente para colocar o processo na pauta do plenário.

( Fonte:  Folha de S. Paulo )

Nenhum comentário: