quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Venezuela e hiperinflação

                                 

       O governo Maduro acabou com o sistema de câmbio preferencial, que reservava a estatais regime cambial de 10 bolívares por dólar. O objetivo da medida - que não foi acompanhada por liberalização completa do câmbio, seria o de combater a hiperinflação, que pode chegar a  13.000% em dezembro, segundo estimativa do FMI.
       Esse sistema, que estava em vigor há cinco anos, era apontado como uma das causas da crise econômica e fonte de corrupção dentro do governo. Nesse sentido, a oposição acusa os militares e a burocracia estatal de usar o dólar preferencial - comprado a 10 bolívares - para especular no mercado negro, onde o dólar chega a 250 mil bolívares.
      O fim do câmbio de 10 para 1 não elimina as distorções cambiais na Venezuela, mas diminui a pressão sobre o bolívar.  A medida teria óbvio  escopo eleitoral. Segundo o economista José Guerra, se "a desvalorização do bolívar aumenta o custo da dívida, (...) melhora o caixa da PDVSA  (estatal do petróleo), que terá mais dinheiro para a campanha eleitoral."
       A tendência da hiperinflação é a aceleração, que chega a índices astronômicos. Nesse sentido, o preço da cesta básica subiu 129,5%, de 9,3 milhões de bolívares para 16,5 milhões. 
        O absurdo da situação hiperinflacionária pode ser determinado a cada passo:  com o salário mínimo fixado em 248,5 mil bolívares, para comprar uma cesta básica de família de cinco membros  precisa de 66 salários mínimos!
         Alguns economistas venezuelanos elogiaram a nova regra como "o início de uma mudança", mas alertaram que ela é insuficiente para combater a alta de preços de o governo continuar a restringir a oferta de dólares, manter o congelamento de preços e a impressão de dinheiro sem lastro.
          No entender de um economista "seria um bom começo se a taxa unificada fosse flutuante, mas o governo já prometeu liberar o câmbio e tal não ocorreu de fato",  disse o economista  Orlando Ochoa.
          Nesse quadro, a hiperinflação que tecnicamente começou em outubro, quando a alta mensal de preços superou  os 50%, agravou os efeitos da crise econômica. Os salários não acompanham a alta de preços,e o poder de compra da população, mormente a mais pobre, cai a cada dia.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo ) 

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