sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

De novo, a Rocinha


                                           

     A manhã de ontem registrou clima de guerra na Rocinha, com intenso tiroteio entre bandidos e cerca de 200 PMs (polícias militares), que pela manhã ocuparam a favela.
        Nesse quadro, a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP),  lá estabelecida em outros tempos, foi alvo dos traficantes. Várias casas tiveram paredes e muros perfurados à bala.
        Quatro PMs, um morador e um suspeito foram baleados. Cinco pistolas e sete fuzis foram apreendidos.
         No final da tarde, o clima de tensão chegou à avenida Niemeyer, onde bandidos montaram barricadas com pneus em chamas e incendiaram um  ônibus próximo ao Hotel Sheraton.
          Como assinala O Globo, a rotina fora da rotina que a Rocinha vivencia há quatro meses já contou inclusive com cerco das Forças Armadas.   Mas pouca coisa  mudou desde o início da violenta disputa entre duas facções do tráfico de drogas. Diante disso, caberia perguntar, o que deu  errado na estratégia das forças de segurança pública? E o que pode ser feito, em matéria de estratégia, para que a vida ganhe algum contorno de normalidade, numa das maiores comunidades do Rio de Janeiro?
           Para que haja tranquilidade, há setores que chegam a reclamar pela presença da Polícia, para eles a primeira causa do tiroteio. Nesse sentido, José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Políticas da América Latina, critica as incursões policiais e a falta de investimento em setores de inteligência.
          Por sua vez, o antropólogo e especialista em segurança pública, Paulo Storani, ex-oficial do BOPE (batalhão de elite da PM), concorda em que a presença da polícia aumente as chances de confronto, mas, não obstante, se diz favorável às incursões, pois, caso contrário "poderia haver uma carnificina".
              Nas suas palavras, "A polícia faz exatamente o que tem de ser feito, embora sua forma de atuar acabe potencializando o confronto. Mas se ela não agir, pode ocorrer carnificina, e quem sofre são os moradores. Portanto a PM avalia o melhor horário e o menor risco, o que não quer dizer que não vai haver perigo." Storani acrescenta que "a presença de policiais  não vai resolver o problema da comunidade. Desde a década de 1980, quando guerras (entre as facções) foram declaradas, não se mudou a maneira de atuar. A PM não tem estrutura para resolver o que acontece na Rocinha. A corporação não foi criada para isso. Com um policiamento ostensivo, a sua função é prevenir crimes."
            A Polícia Militar avaliou como positiva a ação de ontem na Rocinha e afirmou que vai continuar fazendo incursões na comunidade por tempo indeterminado.               


( Fonte:  O  Globo )

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