sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Como Trump vê o Quarto Mundo

                      

      Há grande estardalhaço em Washington acerca do palavrão (em inglês referido usualmente como 'expletivo'), empregado pelo Presidente Donald Trump em reunião na Casa Branca[1].
      Nessa questão, há dois aspectos a serem referidos. Primo,  a mídia, até o presente, seja por consideração ao público, pelos particulares aspectos que cercaram a expressão, seja por atenuantes com relação ao respectivo autor, tem castamente censurado com asteriscos tal vocábulo;  Secondo, não é possível manter para o atual presidente, os padrões habitualmente usados com relação a tais palavrões se pronunciados por outros homens públicos.
      Para dirimir  quaisquer dúvidas, não se trata de proteger  A ou B, e fustigar Mr Trump. A expressão na boca de Mr Trump, Presidente dos Estados Unidos, infelizmente não surpreende, dado o seu reiterado costume em empregar o que americano chama de 'profanities'.
       Não é só o emprego do vocábulo que choca. É a escala de valores de Mr Donald John Trump, cujo menosprezo para descrever o Haiti e as nações africanas o leva a empregar palavrório que será hoje reprovado, e com carradas de razão, por qualquer critério de uma imprensa (falada ou escrita) séria e que respeite os demais países, quaisquer que seja a cor de sua população e o nível de sua conta bancária.
       Pelo visto, ele considera a população de cor desses países como algo a ser menosprezado. Os conceitos deste chefe de governo - que um farisaico chefe do FBI elevou na prática à presidência, contra pessoa manifestamente mais preparada a honrar o cargo em disputa - só infelizmente são objeto de realce pelo posto que ainda ocupa. É indescritível que alguém - que parece trazer o vocabulário e os preconceitos comumente atribuídos a meios mais baixos, e que geralmente vivem em bairros pobres (não obstante, muita vez encontremos maior respeito e honestidade em bairros de gente pobre e não gentrificada) - com uma visão tão turva do mundo à sua volta, continue a expressar-se em palavrões ou as ditas profanidades (como é o termo empregado para gente de menor educação).
       Para essa gente pobre, mesmo que vinda para os Estados Unidos bem longe de ser considerada como senhora do próprio destino (e, portanto, de ter qualquer culpa quanto a procedimentos que porventura a beneficiaram), esse presidente quer agora deportar, esquecendo até o vocábulo dreamers  (sonhadores), que antes quis instrumentalizar, cruelmente buscando valer-se da própria situação desses infelizes, que para o Estados Unidos vieram sem culpa (menores de idade não podem ser responsabilizados por tais atos, por mais tacanhos e malévolos sejam os critérios imigratórios).
        Pelo visto, cessaram os motivos pelos quais Sua Excelência se empenhou com os democratas para preservar os dreamers (sonhadores), a despeito de virem de tais países, como descritos por sua boca pouco respeitosa,  que mais parece saída de algum canto escuro e desprezível, do que de endereços que tanto brilham à distância, por mais enganoso  que venha a ser tal resplendor.

( Fonte:  The New York Times )



[1] buraco de m. , referido a S.Salvador e a países africanos.

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