domingo, 14 de janeiro de 2018

Grande Coalizão e reforma da UE

                    
        Afinal, depois de longa espera há condições para que surja a grande coalizão.  Não será o programa dos sonhos da Chanceler Angela Merkel, mas pode ser o melhor para a Europa e a governança germânica.
        Falta apenas que a SPD, através de seus conselhos de militantes, aprove o programa da grande coalizão. Como os sociais-democratas são francamente favoráveis à ideia de mais federalismo em Bruxelas, é um ponto positivo para a Europa que Schulz conseguiu colocar a Europa e suas instituições no centro do projeto de governo da futura grande coalizão.
         Horas depois de a Chanceler alemã ter firmado acordo de coalizão com o lider social-democrata Martin Schulz, o presidente da França, Emmanuel Macron disse estar "feliz e satisfeito" por um governo de coalizão que "será útil e esperado pela Europa e pela França."
          Confiando em que os sociais democratas no poder serão instrumentais para a reforma da U.E., pretendida pela França e seu presidente, entende-se a satisfação de Macron.
           Marcando o viés dessa grande coalizão, o capítulo sobre "reformar" e "reforçar" a UE e a Zona do Euro é o mais extenso, prevendos reformas na economia,  investimentos na economia digital e combate à burocracia. Entre as possibilidades evocadas - e sem atentar para a eventual contradição - está a criação de ministério europeu de finanças, que teria orçamento próprio e disporia ainda de um fundo monetário europeu, a exemplo do FMI.
             Para especialistas, a provável coalizão entre a Merkel e Schulz mostra que o governo está disposto a mergular em uma possível refundação da UE. Segundo Stefan Seidendorf, diretor adjunto do Instituto de Ludwigsburg, a provável futura grande coalizão mostra que o governo estaria disposto a mergulhar na refundação da UE. No seu entender, "a Europa era um dos temas mais sensíveis do acordo e ela retoma pelo essencial as posições do SPD, em especial a criação de um orçamento da Zona do Euro", declarou Seidendorf. Nesse sentido, o novo governo Merkel-Schulz "se mostraria bastante pró-europeu e pronto a contribuir para o debate das reformas."
             Nem tudo, porém, são flores na progressão desta in fieri  Grande Coalizão. Pois a citada aliança, nas suas bases ora firmadas, terá de arrostar a resistência de parte  da opinião pública germânica, que tem dado sinais de ser avessa a ulterior integração, assim como ao 'fantasma' da transferência de recursos da Alemanha para países menos desenvolvidos da Europa. Este é, aliás, o sovado recurso pelos partidos de extrema direita para denunciar o organismo de Bruxelas.
                 Há, portanto, resistências atiçadas pela direita e sobremodo a extrema direita contra a maior integração na Europa.
                  A grande coalizão entre a Merkel  e Schulz carece, ora, de ser confirmada em conferência dos seiscentos delegados do SPD, e, em seguida, pelo voto da militância partidária. Espera-se que seja uma formalidade...


( Fonte:  O Estado de S. Paulo  ) 

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