quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Theresa May e o peso morto do brexit

                                    

        Talvez o que o brexit tenha feito de ruim para o Reino Unido - basicamente o par de vagões do gabinete de Theresa May deixarem a composição da União Européia para associar-se a futuro mais do que incerto, enquanto imaginam reviver glórias de outros tempos -  é o fato de voltar-se para trás, abandonar o que líderes mais capazes e muito mais inteligentes realizaram contra gálicos rochedos, do que o convescote do grupelho da pobre May acompanhada de um par de ferrabrazes, que pensam lançar em verão já esquecido a aposta retrô dos sólitos perdedores da história.
          Eis que vem a lume relatório oficial do Governo de Sua Majestade, ontem divulgado pela imprensa  e que mostra que a saída do Reino Unido da União Européia vai reduzir o crescimento econômico do país, não importa qual seja o resultado  da negociação entre Londres e Bruxelas.  Nesse sentido, o vazamento do relatório aumenta a pressão de parlamentares que acusam o governo de falta de transparência e que sentindo a mudança dos ventos e a triste, funda, irreprimível mediocridade da "equipe" encabeçada pela May, a Gioconda do sorriso tristonho e deprimente que não atina, a pobre, com saída decente para as areias movediças em que lhe meteu David Cameron.
             Pensam, por isso, em organizar novo referendo sobre o brexit, e dessarte jogar um pouco mais de luz sobre esse monumental engodo que abraçado pela direita e as velhas gerações imagina reviver glórias passadas, ignorando o presente que foi empunhado por quem percebera haver soado a hora do império e chegado o momento de novo caminho, para que o Reino Unido não ficasse à margem da História e dos seus novos desafios.
             Nunca é tarde para afastar-se de escolha equivocada, que à miopia de uns, e ao assanhamento de outros, terá parecido o espaço adequado para uma façanha. Em vão esse tacanho, medíocre gabinete tenta ocultar a verdade dessa  tola aventura, acalentada em dia de verão de passadas férias, e por isso busca esconder o que não devera. Nunca é demasiado tarde para reconhecer um erro.  Mas aferrar-se a ele, não é escolher o futuro, mas meter-se no pântano que os líderes daquele tempo tudo fizeram para afastar o Reino Unido das ilusões passadistas de um tempo de que já havia soado o  toque do dobre.



( Fonte: O Estado de S. Paulo )            

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