sábado, 1 de setembro de 2018

O fantasma da xenofobia


                              
           Para os nazistas e seu líder, Adolf Hitler, os problemas do Reich alemão se resolviam entre nacionais e estrangeiros, nestes últimos incluídos os judeus. Desde o tempo de Bismarck, o preconceito contra o povo judeu passou a acirrar-se no Império Alemão, mas a situação piorou muito com a derrota na Grande Guerra. O nazismo chegaria ao poder em trinta de janeiro de 1933, com a ajuda da camarilha em torno do velho presidente Marechal Hindenburg, que o convenceu a convidar Adolf Hitler para Chanceler do Reich - eis o intróito de um ulterior conflito mundial, com as consequências socio-políticas que de tão conhecidas  dispensam maiores apresentações.
             A Alemanha hoje constitui uma democracia, e dispõe de um governo estável, formado por gabinete composto pelos cristãos-democratas (CDU)  de  Frau Angela Merkel e pelos sociais democratas.
              No entanto, o céu político da Alemanha está enfarruscado. A presença da extrema direita (Alternativa para a Alemanha) vem instrumentalizando a xenofobia, e a decisão politicamente correta da Merkel - quando abriu as fronteiras da Bundesrepublik a cerca de um milhão de refugiados da guerra na Síria (começos de 2016) - teria consequências sociais bastante negativas.
               Com a omissão do restante do Ocidente diante do problema social agudo das consequências da guerra civil síria,  a Merkel adotara posição corajosa em termos sociais, mas que, por força da inação, na prática, das demais potências em termos de abertura das respectivas fronteiras, iria cair sobre a terra alemã o peso considerável da massa de refugiados sírios, e as consequências de sua inserção no território germânico, dado o seu número, tiveram efeitos muito negativos sob o aspecto político-social.
                 Não se pode também esquecer que esse ingresso de imigrantes sírios iria dar o pretexto para os neonazistas (a Alternativa para a Alemanha)  em voltar a uma pregação do nós contra eles (eles sendo o estrangeiro que representava o  "outro" no imaginário germânico). A força desse partido representa um pesadelo para a representação política que viabilize uma coalizão de centro direita na Baviera, através da CSU (partido irmão da CDU, essa para o restante da Alemanha). Dessarte, a CSU que sempre foi considerada a expressão bávara da CDU,  passou a temer a própria derrota política diante da A.f.D., achando-se por isso forçada a radicalizar na sua política social, o que na prática a afastaria do partido da Merkel, a CDU.
                    O crescimento do radicalismo de direita na Alemanha seria fenômeno de-sastroso, que de resto dispensaria maiores explicações. Ao contrário, da extrema direita na França, que o estamento político francês pode até hoje neutralizar com sucesso, o incremento do fator xenofóbico na Alemanha teria outras consequências para a União Europeia, cuja gravidade é tal que semelha dispensar maiores explicações.
                        Que uma líder política com o peso de Angela Merkel - sempre respeitada no Ocidente e nos Estados Unidos em particular - o caráter quasi-pária do atual presidente estadunidense, Donald Trump, só pode ser entendido à luz de seu comportamento que está na raiz de todos os problemas com que ele se depara (ameaça perene de impeachment, investigado pelo procurador-especial  Robert Mueller III), o seu estranhíssimo relacionamento com Vladimir Putin. Dentro da confusão mental que preside às idéias de Trump, a maneira que beirou a grosseria como tratou a Merkel, a ponto de chegar a negar-lhe cumprimento e tratá-la como se ela fosse a líder da Ruritania quando de sua visita a Washington, tudo isso, mostra que o atual presidente estadunidense não é um fator que possa ser considerado positivo no atual quadro internacional...   

( Fontes:  CNN, O Estado de S. Paulo )

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