quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Fachin: PGR tem prazo para denúncia Temer


                    
        O Ministro Edson Fachin, responsável no STF pela Lava-Jato, deu prazo de 15 dias para a PGR Raquel Dodge decidir se apresenta denúncia contra o Presidente Temer e os Ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
          A decisão de Fachin, tomada no âmbito de inquérito em que delatores da Odebrecht desvelam que integrantes do grupo liderado por Temer, Padilha e Moreira teriam recebido recursos ilícitos como contrapartida ao atendimento de interesses da empreiteira pela Secretaria de Aviação Civil - pasta comandada pelos dois ministros entre 2013 e 2015.
          Como se sabe, Temer foi denunciado duas vezes pelo então PGR Rodrigo Janot - uma por corrupção e outra por obstrução de Justiça - mas os dois casos foram barrados pela Câmara em 2017.
            No relatório final do inquérito que apura suspeita de propina de R$ 14 milhões da Odebrecht para a cúpula do MDB, a Polícia Federal concluíu pela existência de indícios de que o presidente Temer, Padilha e Moreira cometeram os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O caso está relacionado com o jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, que foi detalhado nos acordos de colaboração premiada da Odebrecht. Então vice-presidente, Temer teria participado do encontro em que os valores foram solicitados.
             No caso do presidente, a PF mapeou a entrega de R$ 1,4 milhão para João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo do emedebista. Para sustentar a tese, a PF ouviu o doleiro Alvaro Novis, responsável pelas entregas, e anexou conversa de telefone em que Lima aparece em que Lima aparece em ligação para a empresa de Novis em dois dias da entrega dos valores.
              "Tendo em vista que foi acostado aos autos o relatório conclusivo da auto-ridade policial, dê-se vista dos autos à Procuradoria-Geral da República, para que se manifeste no  prazo de 15 dias", determinou o Ministro Fachin.
                Na semana passada, quando o relatório da PF foi concluído, o Planalto afirmou que a conclusão do inquérito "é um atentado à lógica e à cronologia dos fatos". "A investigação se mostra a mais absoluta perseguição ao presidente, ofendendo aos princípios mais elementares da conexão entre causa e efeito", diz a nota do Planalto.
                 Padilha não comentou. Moreira Franco disse que não solicitou valores à Odebrecht e que "as conclusões da autoridade policial se baseiam em investigação marcada pela inconsistência".
                Questão eleitoral. Raquel Dodge também terá até o final da próxima semana para decidir se entra com recurso no Tribunal Superior Eleitoral para pedir a cassação de Temer. O acórdão do julgamento da chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer foi publicado ontem.
                Em junho de 2017, o TSE, por 4 a 3, rejeitou a cassação da chapa. Com a publicação do acórdão, será aberto prazo para o PSDB, autor da ação, decidir se recorre ou não, mas o partido não deve recorrer. No tribunal, a avaliação é a de que as chances de reviravolta são mínimas.  Por sua vez, a PGR declarou que "não antecipa atuação" em processos.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

      

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