domingo, 16 de setembro de 2018

Método Putin para lidar com o dissenso


                              
         Piotr Verzilov, ativista do grupo Pussy Riot,  foi internado em hospital de Moscou, em estado "crítico". Os sintomas - que apontam para o Novichok - são os mesmos que acometeram vítimas em Salisbury,  acusados pelo governo britânico de envenenar o agente duplo Sergei Skripal.
           Verzilov invadiu o campo no final da Copa do Mundo. Há mais que suspeita de envenena-mento pelo gás da 2ª Guerra Mundial. Internado em hospital de Moscou, em estado crítico - perdeu visão, fala e mobilidade. Para a companheira de Verzilov, Veronika Nikulshina, ele começou a se sentir mal depois de comparecer a audiência em tribunal de Moscou. No fim da tarde, ele se deitou para descansar e, quando Veronika chegou em casa, duas horas depois, Verzilov estava perdendo a visão.
            Entre oito e dez horas da noite, o estado dele piorou de forma gradual, segundo sua compa-nheira. Primeiro, a visão, depois a capacidade de falar e movimentar-se. Ainda no relato de Veronika," quando chegaram os para-médicos, seu estado piorou rapidamente, e começaram as convulsões. No caminho do hospital, na ambulância, caíu em estado meio inconsciente, deixando de responder e de reconhecer" (a companheira).
            Segundo Veronika, os médicos não encontraram "nada de errado" no diagnóstico preliminar, mas durante a madrugada "transferiram Verzilov repentinamente para a unidade de toxicologia do hospital".
             Verzilov foi um dos fundadores do Pussy Riot. Deu ao grupo bastante apoio, quando as líderes respectivas estavam presas.Até 2017 estava casado com a líder do grupo, Nadia Toloko-nnikova. Estudante de filosofia, deixou a faculdade para tornar-se artista plástico e atuante com o grupo Voyna (guerra, em russo).
             Enquanto a Tololonnikova e Maria Alekhina, ambas do Pussy Riot, estiveram presas, Verzilov atuou de forma a despertar a atenção do mundo para elas,  transmitindo apelos e queixas na Justiça contra as prisões. Libertadas em dezembro de 2013, Verzilov continuou em seu trabalho de apoio ao grupo (angariando fundos  para site em defesa dos direitos humanos).
              Envenenamento de "inimigos da Rússia" não são novidade.  Só na Inglaterra, a partir de 2000, pelo menos quinze dissidentes ou críticos do governo Putin foram envenenados. Se acrescentarmos os casos "suspeitos" na Rússia, o número chega a cerca de trinta.
               A corajosa jornalista russo-americana, Masha Gessen,  escreveu no New Yorker,  "autoridades de inteligência russa transformaram envenenamentos políticos em algo corriqueiro e numa espécie de forma de arte.  Que os inimigos russos do atual regime sejam frequentemente mortos, e mais amiúde por envenenamento, é um fato que não requer elaboração."
                  Dada a letalidade desse notório gás novichok, que era de uso exclusivamente militar na 2ª Guerra Mundial,e pelo exército vermelho,  grita aos céus que dado o seu caráter e escopo, ele deveria ser descontinuado de imediato.
        

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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