Diante da pasmaceira no
que concerne aos procedimentos tanto de investigação, quanto de culpabilização
dos responsáveis pelo mega-crime que redundou na morte de Marielle Franco e do motorista Anderson
Gomes,os quais até o momento se arrastam na esfera estadual, há várias ações
e providências em curso para que eventualmente cesse tal estranho marasmo.
Assim, apontado como suspeito da morte da vereadora Marielle e do motorista
Anderson, o miliciano Orlando Oliveira de Araujo, o Orlando de Curicica, veio
a público para denunciar que está sob pressão da polícia do Rio de Janeiro,
para assumir a culpa do duplo crime.
Ele está preso na Penitenciária
Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Para defender-se, prestou
depoimento à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão daquele estado, no
qual afirmou estar sendo coagido pela Delegacia de Homicídios da Capital
(DH-Capital) a assumir a execução do duplo homicídio.
A denúncia de Curicica já está
no gabinete da Procuradora-Geral da Re-pública, Raquel Dodge. Se entender que a investigação está sob suspeita, ela
poderá inclusive pedir pela federalização do crime. Procurada, a Secretaria de
Segurança do Rio de Janeiro informou que não vai se pronunciar.
Se o caso sair da esfera da
polícia fluminense, o crime passará a ser investigado pela Polícia Federal.
Enquanto estava preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Curicica
chegou a pedir para ser ouvido pelo Ministério Público estadual e pela
Corregedoria Geral Unificada, mas não foi atendido. Ele já queria contar que
estava sendo pressionado. Em Mossoró, ele fez o mesmo pedido ao juiz federal
Walter Nunes, corregedor da penitenciária federal, que levou o caso para a
procuradora-regional dos Direitos do Cidadão, Caroline Maciel.
O assassinato de Marielle e
Anderson, ocorrido a catorze de março do corrente ano, completou
seis meses na semana passada. As investigações, a cargo da DH-Capital,
concentram-se na hipótese da autoria envolver Orlando de Curicica e o vereador
Marcello Sicilliano (PHS), mas pelo andor da carruagem a conclusão do caso
semelha distante. Os dois suspeitos acima negam qualquer envolvimento nesse
crime que abalou o Rio de Janeiro.
Nesse contexto, o miliciano
Orlando de Curicica denunciou que os policiais do Rio de Janeiro estariam
oferecendo benefícios para que ele assuma o crime. No depoimento em tela, que
está sob sigilo, ele admite que teve um "encontro casual" com
Marcello Siciliano, num restaurante no Recreio, em junho do ano passado, mas
negou que tenham falado sobre Marielle. Curicica disse que a DH-Capital quer
que ele confirme um diálogo com o vereador, que foi relatado no depoimento da
principal testemunha do caso, um P.M. que trabalhava para o miliciano.
A frase determinante. O delator contou
que, no encontro, o vereador Siciliano teria dito: "Tem que ver a situação de Marielle. A mulher está me
atrapalhando."
Ainda segundo o miliciano
Curicica, por trás do movimento do delator, estaria o ex-policial civil Jorge
Luis Fernandes, o Jorginho, um dos
"inhos", como
ficaram conhecidos os inspetores ligados ao ex-delegado Álvaro Lins. O
miliciano sustenta que Jorginho teria oferecido ao delator a "milícia da
Merck", uma favela em Jacarepaguá, em troca de dar um depoimento contra
ele. O local seria um ex-reduto de Curicica, que perdeu o ponto depois de ser
preso. O miliciano e o ex-policial teriam uma rixa antiga por disputarem
territórios na região.
Dentro do mesmo contexto,
Curicica garantiu à procuradora Caroline Maciel que não assumirá o crime.
(
Fonte: O
Globo )
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