O Parlamento da
União Europeia vota hoje proposta de inédita intervenção política na Hungria. A
iniciativa se deve à crescente ingerência neo-fascistoide de Viktor Orban, Primeiro Ministro húngaro,
que vem ampliando 'reformas' que coercem a autonomia dos poderes Legislativo e
Judiciário.
Dessarte, para os eurodeputados, a
Hungria sob a gestão do premier
Orban, de extrema direita, representa "risco claro de violação grave dos
valores" propugnados pelo bloco europeu.
Assinale-se que a votação em
Estrasburgo, na França, tem caráter inédito, porque até o presente o Parlamento
Europeu nunca chegara a ser acionado em caso de infração ao Artigo 7º do
Tratado Europeu. Assinale-se que o processo em tela, contra a Hungria, corre
desde dezessete de maio de 2017.
Um mês depois de assumir essa
postura, em 26 de julho de 2017, a Comissão Europeia - braço executivo da U.E.
- abre iniciativa similar contra o governo da Polônia, pela qual contesta suas
medidas restritivas da liberdade de
imprensa e de independência do Ministério Público e da Justiça.
Assinale-se que o processo ora
aberto no Parlamento é visto como menos técnico e unilateral do que o da
Comissão Europeia contra a Polônia, por envolver os parlamentares e o voto
direto. Com efeito, os eurodeputados não podem impedir eventuais reformas, mas
podem punir a Hungria com a suspensão de direitos políticos e subvenções
econômicas. Como a obediência é obrigatória, as autoridades húngaras - com
Viktor Orban à testa - igualmente podem ser punidas.
De que é acusado Orbán ? Ele é objeto de acusações no que tange a
haver aparelhado o Estado com membros de
seu partido, o Fidesz, e restringido a ação dos
órgãos de controle. Exemplo disso
é o Tribunal Constitucional, que perdeu autonomia.
Está também na mira de Orban
uma vítima habitual das ditaduras: a imprensa húngara, controlada por órgão regulador,
que pode sancionar veículos de informação que difundam notícias consideradas
"falsas", i.e., contrárias aos interesses do premiê, de seu governo,
de seu partido, do "cristianismo" e da "família
tradicional".
Parte importante nessa luta é
assumida pelo americano George Soros, que não por acaso se acha na
alça de mira do Estado fascistóide preconizado por Viktor Orbán. Não é
de estranhar, por conseguinte, que instituições de ensino como a Universidade
da Europa Central, financiada em parte pelo americano George Soros tiveram a
liberdade acadêmica restringida, segundo a UE (e também como referiu a New York Review of Books).
Todos os regimes da laia do
presente, por diversas que sejam as respectivas designações se assemelham e
muito entre si, como se deve àqueles da linha fascistóide e autoritária.
Esse temor do estrangeiro, do
alienígena, nós o distinguimos não só na pequena Áustria, que gerou o neofascismo
propugnado por Viktor Orban. Esse
autoritarismo, nós o encontramos também, no gigante russo, sob a
"esclarecida" direção de Vladimir Putin. Não surpreende, por conseguinte, que as ONGs sejam amiúde classificadas como "agentes
estrangeiros" e têm a sua atuação limitada tanto na pequena Hungria,
quanto na gigantesca Rússia.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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