quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O terror stalinista do ditador Ortega


                    
        Há os que reformam para melhor. Mas na pequena Nicarágua, o ditador Ortega inova ... à sua peculiar sórdida maneira.
          A repressão continua e a todo vapor. Para intimidar a população, a ditadura  sandinista não se peja de ir muito mais além. O combate àquele que ousou ameaçá-la como que adentra o campo santo. Assim, os repressores, além de não respeitarem a dor das famílias enlutadas, levam mais fundo o próprio ódio. A circunstância de ter perdido um ente querido vira agravante para o bando sandinista.
          Nas fachadas das casas enlutadas, pintam frases como "sabemos onde vocês moram". Ou então o risco vermelho e preto de um X na calçada, em frente da residência visada. É para assombrar não com fantasmas, mas para relembrar o 'crime' de ter um parente próximo abatido pela repressão.
           Essa estigmatização não é brincadeira de mau-gosto, mas o sinistro aviso que, mesmo com a morte de ente querido, os seus 'crimes' não foram purgados.
            Esta é a chamada "revitimização": depois da morte de manifestante - em geral, universitário - os apoiadores de Ortega, policiais ou pára-militares, ameaçam os parentes. Boçais como são, a sutileza não faz parte de suas ações: além de ameaçarem, nos velórios, aos parentes, chegam a destruir móveis e ornamentos das mobílias que plangem os mortos.   
          Yader Parajón mostra a foto do irmão Jimmy no celular, mecânico de 35 anos que morreu baleado no peito por  policial quando levava ajuda a estudantes acampados na universidade. Um mês depois, aparece na calçada da família o X vermelho e preto da Frente Sandinista.
            Os protestos - já referidos neste blog - pedem pela partida de Daniel Ortega, o presidente, e sua mulher e vice, Rosario Murillo.  A repressão já deixou trezentos mortos, entre os quais a brasileira acadêmica de medicina Raynéia Gabrielle Lima,  morta a tiros na capital, a 23 de julho, quando retornava de carro para casa. Yáder e mais duas ativistas Ariana McGuire e Carolina Hernández, formaram a Caravana da Solidariedade, que passou por Porto Alegre e Rio de Janeiro, e chegou a São Paulo no domingo nove de setembro.  Dado o realce que recebeu a Caravana da Nicarágua, Yader pensa solicitar asilo territorial para um dos países sul-americanos visitados.

( Fonte: Folha de S. Paulo )    

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