A acusação movida
contra o juiz Kavanaugh por Christine Blasey, Deborah Ramirez e Julie Swetnick
pode não chegar a conclusão alguma
contra o candidato do Presidente Trump ao Supremo, em termos definitivos,
embora os vários depoimentos já sejam mais do que suficientes para dar ao
público e ao Senado lúrida e triste ideia do nível moral das concernentes
festas universitárias, das orgias com homéricas bebedeiras e da participação
das jovens e dos rapazes em ambiência que não fica muito a dever, em matéria
sexual, ao que se possa entender por verdadeiras bacanais.
A sucessão dos
depoimentos dos jovens - tanto rapazes,
quantos moças envolvidos nessas festanças - dá aos assistentes um quadro em que
quase tudo é permitido, e, por conseguinte, diante das liberdades que
caracterizam tais reuniões, semelha bastante difícil estabelecer barreiras ou
limites, que separem uma juventude que se poderia considerar bem-comportada, de
uma festa em que o abuso da bebida, de carícias mais ousadas e até a ocorrência
de contatos que não mais parecem ter limites além dos atos que o velho latim
definia como nudus cum nudam in eodem
lecto.
Se
a ambiência semelha permissiva, e se a bebida alcoólica corria livremente não
será fácil, nesse orgiástico entorno, que se possa invocar, em principio, que
eventuais avanços sexuais seriam inadmissíveis.
Em
tal ambiente, constituiria um esforço de
imaginação e de boa vontade que se possa exigir a suposição de um comportamento que deveria
excluir atos libidinosos ousados.
Se
levarmos em conta, a degradação moral e de costumes a que os participantes e
as participantes pela respectiva presença em tais "festas" possa
deixar presumir, seja pela influência do ambiente, seja pela própria presença
em tal concurso de evidente liberação sexual, que tanto o entorno, quanto o
desregramento imperante, dariam aos participantes e às participantes a
presunção de que aí estavam por sua livre vontade, e se existia alguma
compulsão, seria a da próprio ambiente.
Nesse contexto, de
presumível degradação moral e de certa e inegável liberação sexual, o que deveria
ser determinado, SMJ, é se os dois
querelantes - Christine Blasey e Brett Kavanaugh - deram pelos seus
atos respectivos - tanto um quanto o outro - (i) que ambos participavam conscientemente da ambiência à sua volta,
ou (ii) se Christine demonstrara
clara e inequivocamente não querer participar da orgia a seu redor, eis que o
comportamento de Brett não parece deixar dúvidas de que ele queria divertir-se
no sentido lato, e que o ambiente à própria volta lhe teria dado a impressão quanto a alegada disposição
consensual de Miss Christine Blasey.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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