Quem despontara como um
grande valor do MDB, se deixou envolver pela corrupção e hoje soma 183 anos de prisão.
Condenado pela sétima vez, a doze
anos e dez meses de prisão, por fraudes a licitações na reforma do Maracanã e
no PAC das Favelas.
Um político inteligente e com
carisma, Sérgio Cabral Filho, se deixou provavelmente deslumbrar por uma vida
de muito luxo, viagens ao exterior (esqueceram da famosa turma do lenço, em restaurante
parisiense ?) e mergulhou nas riquezas
do poder, e nas viagens entre Rio de Janeiro e mansões à beira mar, que alcançava por helicóptero, em ritmo de
mega-empresário americano.
Festejado pelo café-society, ele
unia o carisma de um político de futuro, com ambições que iam além, muito além,
em verdade, da Taprobana guanabarina. Tinha carisma e prometia ir longe, surgindo
para muitos como alguém cujo propósito se adequava às metas de chegar aonde os
políticos do MDB nem sonhavam , eis que tinha inteligência e habilidade que o
poderiam levar às alturas do Palácio do Planalto.
Quando trabalhei com Magalhães Pinto no Itamaraty conheci seu pai, homem
íntegro, jornalista respeitado, de onde o nosso herói só poderia ter colhido
modelo de vida honesta.
No entanto, acreditem,deixou-se envolver por ambições de miliardário, quase sempre no convívio de
belas, elegantes mulheres.
Sérgio Cabral, ao contrário do cárcere e do ocasional padecimento de
portar grilhões, parecia ter a mente que o levasse aos píncaros da política. Ao
invés dos seus medíocres companheiros na política carioca, ele tinha estofo para ir longe e fruir dessa
metáfora que recompensa os grandes nomes e as grandes vocações da Política.
Esta mesmo, aquela de Aristóteles, com a letra maiúscula da ambição e das
realizações.
Ao invés disso, a Justiça já o
condenou a 183 anos de prisão. Levado pelos eflúvios da Copa do Mundo - e a
gente carioca permitiu que a jóia do Maracanã fosse adulterada com traço
modernoso, ao gosto de então, ao invés do risco heróico de sede de um
campeonato mundial que a sorte madrasta nos roubou, nos dez minutos finais de partida
a que acorreram cerca de duzentas mil pessoas, pensando que levaríamos o caneco...
Quem não quis percorrer esse caminho - que pode levar às alturas - foi ele próprio, eis que se deixou embair
pelas promessas da dolce vita, com a
sua cota de belas mulheres e a existência no eixo Rio - Paris.
Hoje, a imagem que a
ele se associa, é de alguém que caminha depressa, mas o seu rumo se afigura muito diverso do
que a princípio ele e seus partidários tinham antevisto.
O cativeiro ainda não
o alquebrou. Ele continua a andar
depressa, mas se lhe depreende da postura que, além de não mais acompanhá-lo a atenção
de antes, outra atmosfera se insinua à sua volta, feita de sombras às vezes, em
que pairam solitude e funda tristeza, de
que o passo estugado em vão intentará abreviar a própria exposição.
( Fonte: Estado de S. Paulo, Rede Globo )
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