quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Sérgio Cabral : 7ª Condenação


                       
          Quem despontara como um grande valor do MDB, se deixou envolver pela corrupção e hoje soma  183 anos de prisão.
             Condenado pela sétima vez, a doze anos e dez meses de prisão, por fraudes a licitações na reforma do Maracanã e no PAC das Favelas.
              Um político inteligente e com carisma, Sérgio Cabral Filho, se deixou provavelmente deslumbrar por uma vida de muito luxo, viagens ao exterior (esqueceram da famosa turma do lenço, em restaurante parisiense ?) e mergulhou  nas riquezas do poder, e nas viagens entre Rio de Janeiro e mansões à beira mar,  que alcançava por helicóptero, em ritmo de mega-empresário americano.
               Festejado pelo café-society, ele unia o carisma de um político de futuro, com ambições que iam além, muito além, em verdade, da Taprobana guanabarina. Tinha carisma e prometia ir longe, surgindo para muitos como alguém cujo propósito se adequava às metas de chegar aonde os políticos do MDB nem sonhavam , eis que tinha inteligência e habilidade que o poderiam levar às alturas do Palácio do Planalto.
                Quando trabalhei com Magalhães Pinto no Itamaraty conheci seu pai, homem íntegro, jornalista respeitado, de onde o nosso herói só poderia ter colhido modelo de vida honesta.
                No entanto, acreditem,deixou-se envolver por ambições de miliardário, quase sempre no convívio de belas, elegantes mulheres.    
                Sérgio Cabral, ao contrário do cárcere e do ocasional padecimento de portar grilhões, parecia ter a mente que o levasse aos píncaros da política. Ao invés dos seus medíocres companheiros na política carioca,  ele tinha estofo para ir longe e fruir dessa metáfora que recompensa os grandes nomes e as grandes vocações da Política. Esta mesmo, aquela de Aristóteles, com a letra maiúscula da ambição e das realizações.
                  Ao invés disso, a  Justiça já o condenou a 183 anos de prisão. Levado pelos eflúvios da Copa do Mundo - e a gente carioca permitiu que a jóia do Maracanã fosse adulterada com traço modernoso, ao gosto de então, ao invés do risco heróico de sede de um campeonato mundial que a sorte madrasta nos roubou, nos dez minutos finais de partida a que acorreram cerca de duzentas mil pessoas, pensando que levaríamos o caneco...
                   Quem não quis percorrer esse caminho - que pode levar às alturas -  foi ele próprio, eis que se deixou embair pelas promessas da dolce vita, com a sua cota de belas mulheres e a existência no eixo Rio - Paris.
                         Hoje, a imagem que a ele se associa, é de alguém que caminha depressa,  mas o seu rumo se afigura muito diverso do que a princípio ele e seus partidários tinham antevisto.
                          O cativeiro ainda não o alquebrou.  Ele continua a andar depressa, mas se lhe depreende da postura  que, além de não mais acompanhá-lo a atenção de antes, outra atmosfera se insinua à sua volta, feita de sombras às vezes, em que pairam  solitude e funda tristeza, de que o passo estugado em vão intentará abreviar a própria exposição.




( Fonte: Estado de S. Paulo, Rede Globo )







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