terça-feira, 18 de setembro de 2018

O Erro do Brexit


                                  
       Com o passar do tempo, cresce no Reino Unido a consciência do erro cometido pela convocação do plebiscito pelo Primeiro Ministro David Cameron, o antecessor de Theresa May. No entanto, pela fraqueza da Primeira Ministro, pelos loquazes irmãos gêmeos Boris e Dwayne Johnson - que semelham ter mais ímpeto do que visão, e pela tibieza de Jeremy Corbyn, o líder trabalhista, que parece não querer mexer com a empresa de reverter o erro da decisão apressada de convocar plebiscito em clima de veraneio, a manutenção da falsa escolha do Brexit parece caminhar para a confirmação que, na verdade, cresce no horizonte a estranha necessidade de respeitar uma consulta feita às pressas, e aprovada por escassa maioria, como se o povo inglês se devesse acomodar com um chocho faute de mieux.
          Embora a muitos lideres não escape a oportunidade que se está perdendo, tem-se a impressão de que por uma conjunção de muitos fatores - e quase todos de caráter negativo - a escolha do Brexit se vai consolidando por anticoalizão de fraquezas.
           Assim, o lider dos trabalhistas  prefere singrar os mares conhecidos do Brexit, do que atender à maioria de seus correligionários. Por outro lado, a May prefere o statu quo não porque ele seja melhor, mas porque teme a desestabilização da própria liderança, e quer evitar o acirramento da oposição dos impetuosos irmãos Johnson, com as eventuais consequências pessoais, do que encarar com determinação o que fazer de uma decisão apressada e errônea. Quanto às convicções dos gêmeos Johnson, elas estão mais para o oportunismo do que admitir a reavaliação do verdadeiro interesse inglês. Da seriedade dessa posição, temos os indicadores de que um dos irmãos,  creio Boris,  jactou-se de sua capacidade de escrever artigos nas duas versões - seja mostrando as vantagens do Brexit, seja apresentando a conveniência de optar pelo status quo.  
            Nessa triste conjunção de dúvidas, veleidades e incertezas, talvez a palma esteja com o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, em que ele opta pela escolha ruim, porque julgada à luz de um dúbio status quo, do que adentrar as perspectivas e interrogações da militância e as consequentes incertezas sobre o que trará uma composição que contraria boa parte do partido, porque esta se baseia na imobilidade do brexit, como se ele fosse a voz do futuro quando nada mais é do que  idealização de um passado de ascendência, glória e força econômica, que na verdade não passa de uma ilusão, que nem grande é.  

( Fonte: Folha de S. Paulo )

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