Com o passar do tempo,
cresce no Reino Unido a consciência do erro cometido pela convocação do
plebiscito pelo Primeiro Ministro David Cameron,
o antecessor de Theresa May. No
entanto, pela fraqueza da Primeira Ministro, pelos loquazes irmãos gêmeos Boris e Dwayne Johnson - que semelham ter mais ímpeto do que visão, e pela
tibieza de Jeremy Corbyn, o líder
trabalhista, que parece não querer mexer com a empresa de reverter o erro da
decisão apressada de convocar plebiscito em clima de veraneio, a manutenção da falsa escolha do Brexit parece
caminhar para a confirmação que, na verdade, cresce no horizonte a estranha
necessidade de respeitar uma consulta feita às pressas, e aprovada por escassa
maioria, como se o povo inglês se devesse acomodar com um chocho faute de mieux.
Embora
a muitos lideres não escape a oportunidade que se está perdendo, tem-se a
impressão de que por uma conjunção de muitos fatores - e quase todos de caráter
negativo - a escolha do Brexit se vai
consolidando por anticoalizão de fraquezas.
Assim, o lider dos trabalhistas prefere singrar os mares conhecidos do Brexit, do que atender à maioria de seus
correligionários. Por outro lado, a May prefere o statu quo não porque ele seja melhor, mas porque teme a desestabilização
da própria liderança, e quer evitar o acirramento da oposição dos impetuosos
irmãos Johnson, com as eventuais consequências pessoais, do que encarar com
determinação o que fazer de uma decisão apressada e errônea. Quanto às
convicções dos gêmeos Johnson, elas
estão mais para o oportunismo do que admitir a reavaliação do verdadeiro
interesse inglês. Da seriedade dessa posição, temos os indicadores de que um
dos irmãos, creio Boris, jactou-se de sua capacidade de escrever
artigos nas duas versões - seja mostrando as vantagens do Brexit, seja apresentando a conveniência de optar pelo status quo.
Nessa triste conjunção de dúvidas,
veleidades e incertezas, talvez a palma esteja com o líder trabalhista, Jeremy
Corbyn, em que ele opta pela escolha ruim, porque julgada à luz de um dúbio status quo, do que adentrar as
perspectivas e interrogações da militância e as consequentes incertezas sobre o
que trará uma composição que contraria boa parte do partido, porque esta se
baseia na imobilidade do brexit, como
se ele fosse a voz do futuro quando nada mais é do que idealização de um
passado de ascendência, glória e força econômica, que na verdade não passa de
uma ilusão, que nem grande é.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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