domingo, 16 de setembro de 2018

Maduro, o pedinte


                                   
         Dada a calamitosa situação econômico-financeira de seu país - estado de coisas de  que é o principal responsável - Nicolás Maduro fez a longa viagem para Beijing a fim de estender o próprio chapéu a fim de receber o auxílio financeiro, de que o seu país notoriamente carece, máxime pelo estado das respectivas finanças e da própria incapacidade de gestão.
         A RPC era um dos principais parceiros de Caracas, ávida que é de petróleo venezuelano. Dado o montante de suas dívidas e das consequentes pendências, a Venezuela, a despeito de dispor de uma das maiores reservas de petróleo de boa qualidade no mundo, acha-se em posição de extrema precariedade, situação que de resto Maduro já herdara de seu protetor Hugo Chávez, que lhe ensinou o caminho de malbaratar não só os ativos do respectivo país, mas também a própria capacidade da PDVSA de continuar em boas condições, dada a circunstância de estar sentada sobre um dos maiores ativos petrolíferos mundiais. Mas nada como a incompetência da ditadura chavista para malbaratar uma posição invejável.
          Maduro, na situação extrema em que se acha, oscila entre as duas ditaduras comunistas sobre as quais ainda pensa poder contar. Os leitores do blog hão de recordar-se da relativamente recente visita a outro "grande e bom amigo" Vladimir Putin, e agora temos a ver com uma visita de Estado do andarilho Maduro, em busca de crédito,  em Beijing, com Xi Jinping, que o recebeu com tapete vermelho, com direito a passar em revista as tropas chinesas.
          Em geral, costuma ser dura a vida do incompetente gestor de finanças. Vejam o que teve de engolir Nicolás Maduro com a China, a que chamou respeitosamente de "irmã mais velha".
            É dura a vida dos governantes que pensam poder continuar a valer-se da intimidade e das benesses que são dispensadas pelas poderosas ditaduras que em condição de mal-disfarçada miséria visitam, pensando poder recorrer uma vez mais à boa vontade da China, ou de qualquer outra potência com que julgue manter boas relações.
              Os ditadores - e máxime aqueles que não fizeram o dever de casa - podem pensar valer-se da boa vontade mostrada no passado, quando a própria situação não estava nas condições atuais. Dessarte, Maduro não será exceção ao projetar concessões passadas como motivos para repetição de novas "bondades". A situação da Venezuela é tal que deixou de ser cartão de visitas. Com um país na falimentar condição em que se encontra, só mesmo o desespero pode empurrar o antes orgulhoso ditador venezuelano a empreender mais uma viagem, desta feita através do Pacífico, para, de pires na mão, lograr benesses do Império do Meio.
              Nas relações econômicas e financeiras, os países ricos tendem a pensar muitas vezes em como tratar país que atravesse a notória e lastimável situação em que se acha a Venezuela. A "conspiração econômico-financeira" que crêem padecer  dos países ricos é lorota que tem a vida curta. Tampouco será crível para um chefe de governo que possa acreditar na amizade das grandes potências com que ainda tenha condições de diálogo. Por isso, Maduro ao retornar deverá reservar palavras ríspidas - se estiver de bom humor - pelo tempo e a humilhação que os pobres diabos que acaso não ousaram contestar-lhe a ideia de bater na porta de Beijing à cata de crédito. Um país nas condições da Venezuela já ultrapassou a sua capacidade de ambicionar crédito estrangeiro.
                Que banqueiro se animaria a conceder ajuda a um cliente em condição falimentar?
              Quem não faz o dever de casa, e só pode apresentar as condições que caracterizam a Venezuela hodierna, por mais habilidosa que seja a respectiva apresentação, há certos aspectos que o anfitrião terá presente e a fortiori os seus assessores economico-financeiros não deixarão de assinalar-lhe, para evitar as armadilhas de tratar com esse país na situação calamitosa em que se acha. Um país na situação falimentar em que está a Venezuela enfrenta péssima situação em termos de perspectivas, e por isso as eventuais oportunidades de intercâmbio se acham dramaticamente restritas.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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