Dada
a calamitosa situação econômico-financeira de seu país - estado de coisas
de que é o principal responsável -
Nicolás Maduro fez a longa viagem para Beijing a fim de estender o próprio
chapéu a fim de receber o auxílio financeiro, de que o seu país notoriamente
carece, máxime pelo estado das respectivas finanças e da própria incapacidade
de gestão.
A RPC era um dos principais parceiros
de Caracas, ávida que é de petróleo venezuelano. Dado o montante de suas
dívidas e das consequentes pendências, a Venezuela, a despeito de dispor de uma
das maiores reservas de petróleo de boa qualidade no mundo, acha-se em posição
de extrema precariedade, situação que de resto Maduro já herdara de seu
protetor Hugo Chávez, que lhe ensinou o caminho de malbaratar não só os ativos
do respectivo país, mas também a própria capacidade da PDVSA de continuar em
boas condições, dada a circunstância de estar sentada sobre um dos maiores
ativos petrolíferos mundiais. Mas nada como a incompetência da ditadura
chavista para malbaratar uma posição invejável.
Maduro, na situação extrema em que se
acha, oscila entre as duas ditaduras comunistas sobre as quais ainda pensa
poder contar. Os leitores do blog hão
de recordar-se da relativamente recente visita a outro "grande e bom
amigo" Vladimir Putin, e agora temos a ver com uma visita de Estado do
andarilho Maduro, em busca de crédito, em Beijing, com Xi Jinping, que o
recebeu com tapete vermelho, com direito a passar em revista as tropas
chinesas.
Em
geral, costuma ser dura a vida do incompetente gestor de finanças. Vejam o que
teve de engolir Nicolás Maduro com a China, a que chamou respeitosamente de
"irmã mais velha".
É
dura a vida dos governantes que pensam poder continuar a valer-se da intimidade
e das benesses que são dispensadas pelas poderosas ditaduras que em condição de
mal-disfarçada miséria visitam, pensando poder recorrer uma vez mais à boa
vontade da China, ou de qualquer outra potência com que julgue manter boas
relações.
Os ditadores - e máxime aqueles
que não fizeram o dever de casa - podem pensar valer-se da boa vontade mostrada
no passado, quando a própria situação não estava nas condições atuais. Dessarte,
Maduro não será exceção ao projetar concessões passadas como motivos para
repetição de novas "bondades". A situação da Venezuela é tal que
deixou de ser cartão de visitas. Com um país na falimentar condição em que se
encontra, só mesmo o desespero pode empurrar o antes orgulhoso ditador
venezuelano a empreender mais uma viagem, desta feita através do Pacífico, para,
de pires na mão, lograr benesses do Império do Meio.
Nas relações econômicas e
financeiras, os países ricos tendem a pensar muitas vezes em como tratar país
que atravesse a notória e lastimável situação em que se acha a Venezuela. A
"conspiração econômico-financeira" que crêem padecer dos países ricos é lorota que tem a vida
curta. Tampouco será crível para um chefe de governo que possa acreditar na
amizade das grandes potências com que ainda tenha condições de diálogo. Por
isso, Maduro ao retornar deverá reservar palavras ríspidas - se estiver de bom
humor - pelo tempo e a humilhação que os pobres diabos que acaso não ousaram
contestar-lhe a ideia de bater na porta de Beijing à cata de crédito. Um país
nas condições da Venezuela já ultrapassou a sua capacidade de ambicionar
crédito estrangeiro.
Que banqueiro se animaria a
conceder ajuda a um cliente em condição falimentar?
Quem não faz o dever de casa,
e só pode apresentar as condições que
caracterizam a Venezuela hodierna, por mais habilidosa que seja a respectiva
apresentação, há certos aspectos que o anfitrião terá presente e a fortiori os seus assessores
economico-financeiros não deixarão de assinalar-lhe, para evitar as armadilhas
de tratar com esse país na situação calamitosa em que se acha. Um país na
situação falimentar em que está a Venezuela enfrenta péssima situação em termos
de perspectivas, e por isso as eventuais oportunidades de intercâmbio se acham
dramaticamente restritas.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário