segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A opção da Colômbia


                                    

          Não é difícil de entender a decisão da Colômbia, assim como de Canadá e da Guiana, de não assinarem o comunicado do Grupo de Lima, que rechaça qualquer intervenção militar na Venezuela, como alvitra o Secretário-Geral da OEA, Luis Almagro.
            O Governo Nicolás Maduro - que acaba de coletar mais uma recusa, que foi a da República Popular da China, através do próprio Xi Jinping, de prestar-lhe qualquer ulterior ajuda financeira -  abandonou, na prática, toda possibilidade de lograr mudanças efetivas na administração de seu país.   
             Existe na Venezuela a situação de calamidade pública, calamidade essa criada por um misto de incompetência política e econômica,  e de um sistema de governo em que a incapacidade administrativa se une à corrupção sistêmica do chavismo, que  resulta nessa hiper-inflação, com seu consequente criminoso desabastecimento da economia, além do concomitante enriquecimento da camarilha ligada a tal regime, a supressão de toda a democracia (vide fechamento da Assembléia Legislativa e criação, por fraude monumental, da Constituinte dos Bairros, com a ulterior vergonha de ser denunciada pela própria firma que montou o seu sistema de votação).  Para completar, a democracia não mais existe na Venezuela, e o que há é um regime - que só não é totalitário pela incapacidade de Maduro & Cia de ter um entendimento mais elaborado da realidade que lhe caíu no colo com a morte de seu padrinho, Hugo Chávez Frias, sendo por conseguinte fundamente corrupto, e criminoso pelo seu cinismo em locupletar-se às custas da miséria de um povo condenado à morte lenta de ouvir a demagogia discurseira  de Delcy Rodriguez,  enquanto a falsa elite que o dirige se aproveita da situação enquanto Braz - na verdade Nicolás - for tesoureiro de tal regime.
                 É dificil ver nesse subgoverno - com as suas masmorras, a sua tortura, e as suas tristes, embaraçosas ao extremo, homenagens, ao Libertador, - que jamais mereceria essa cínica louvaminhação, ainda que passageira - enquanto pespega a quadrilhas de torturadores o nome "bolivariano" - em incrível audácia que diz muito das mentes pequenas que estão por trás de dessa infernal parafernália.
                 Por isso,  a decisão da Colômbia é a única possível. Qualquer metáfora, de resto, que se utilize, aponta para a extrema conveniência e urgência de que o Continente Latino-Americano venha a livrar-se dessa imensa chaga, que não creio queiram os nossos governantes mergulhar na corrupção, na miséria popular, e em um Quarto Mundo na América Latina, de que a Colômbia, por muito tendo de coexistir com a profunda incapacidade da sub-elite que ora dirige o que da Venezuela resta, seja forçada a continuar a manter relações com regime que se tornou a vergonha não só para a América Latina, mas para todo o mundo civilizado.   


( Fonte:  O  Estado de S. Paulo  )

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