Agora que os dados
foram lançados, e decidida a saída do Reino Unido da União Europeia pelo
chamado referendo do Brexit, eis que de
novo regurgitam pesquisas, mostrando o povo inglês mudando de ideia, com 59%
dos eleitores passando a 'votar' pela permanência na U.E., e somente 41% optando pelo Brexit.
Na História, nunca a
irresponsabilidade do Primeiro Ministro David Cameron pesaria tanto, aceitando
pôr em jogo conquista pela qual inúmeros antecessores seus lutaram por anos a
fio, até encontrarem os meios de viabilizar a escolha que atendia aos
interesses do Povo inglês.
O preço que Cameron pagou, ao
despedir-se do poder, quando o seu erro veio desmoronar sobre ele próprio, foi
pequeno enquanto personalidade, eis que, ao colocar em risco a conquista do
ingresso na União Europeia, ele cometeria o erro existencial que lhe determina
o fim da própria carreira política. Dado o seu aporte à história inglesa,
objetivamente ele, como primeiro ministro, jamais se alçaria às alturas de
antecessores seus.
Mas a pecha do erro descomunal de
avaliação política, consentindo a entrar em um jogo sob a ameaça de enorme
derrota, fê-lo assumir, em néscio jogo de pauta política, a perspectiva de um
final abrupto, com a lâmina dessa especial guilhotina despencando com força
sobre a perspectiva do Reino Unido vir a exercer uma liderança no seio da UE, e
de seu crescimento em consequência, que ora a sua falta de tirocínio condena
aos baixios de arquipélago a que a presciência de seus maiores tanto lutara
para reverter tal quadro de histórica desolação.
A crueldade do destino costuma abrir
aos tolos falsas oportunidades. Com a exceção de Tony Blair, que teve a sorte
de sobreviver à própria aposta, está reservado para David Cameron de portar nos
futuros desfiles das avaliações históricas o turvo pavilhão de torpe e colossal
erro, que assumiu ineptamente, e que, por consequência, se vê condenado a levar
nos ombros a maldita sárcina de avaliação tão imprudente quanto irrefletida.
A História, esta velha
senhora, costuma ser impiedosa com os políticos que, por leviandade, orgulho ou
mesmo parvo juízo, comprometem o futuro de seus compatriotas. Sem embargo, ela será
ainda mais mofina e cruel se o erro nasce do conluio entre a própria irreflexão
e a falta de atenção às motivações de estadistas que porventura lhe tenham
aberto o caminho. Ai dos vencidos,
diziam os romanos. E ai daqueles que negligenciam as conquistas de seus
maiores.
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