quinta-feira, 6 de setembro de 2018

E o Brexit perde apoio...


                            
         Agora que os dados foram lançados, e decidida a saída do Reino Unido da União Europeia pelo chamado referendo do Brexit, eis que de novo regurgitam pesquisas, mostrando o povo inglês mudando de ideia, com 59% dos eleitores passando a 'votar' pela permanência  na U.E., e somente 41% optando pelo Brexit.
            Na História, nunca a irresponsabilidade do Primeiro Ministro David Cameron pesaria tanto, aceitando pôr em jogo conquista pela qual inúmeros antecessores seus lutaram por anos a fio, até encontrarem os meios de viabilizar a escolha que atendia aos interesses do Povo inglês.
             O preço que Cameron pagou, ao despedir-se do poder, quando o seu erro veio desmoronar sobre ele próprio, foi pequeno enquanto personalidade, eis que, ao colocar em risco a conquista do ingresso na União Europeia, ele cometeria o erro existencial que lhe determina o fim da própria carreira política. Dado o seu aporte à história inglesa, objetivamente ele, como primeiro ministro, jamais se alçaria às alturas de antecessores seus.
               Mas a pecha do erro descomunal de avaliação política, consentindo a entrar em um jogo sob a ameaça de enorme derrota, fê-lo assumir, em néscio jogo de pauta política, a perspectiva de um final abrupto, com a lâmina dessa especial guilhotina despencando com força sobre a perspectiva do Reino Unido vir a exercer uma liderança no seio da UE, e de seu crescimento em consequência, que ora a sua falta de tirocínio condena aos baixios de arquipélago a que a presciência de seus maiores tanto lutara para reverter tal quadro de histórica desolação.
               A crueldade do destino costuma abrir aos tolos falsas oportunidades. Com a exceção de Tony Blair, que teve a sorte de sobreviver à própria aposta, está reservado para David Cameron de portar nos futuros desfiles das avaliações históricas o turvo pavilhão de torpe e colossal erro, que assumiu ineptamente, e que, por consequência, se vê condenado a levar nos ombros a maldita sárcina de avaliação tão imprudente quanto irrefletida.
                  A História, esta velha senhora, costuma ser impiedosa com os políticos que, por leviandade, orgulho ou mesmo parvo juízo, comprometem o futuro de seus compatriotas. Sem embargo, ela será ainda mais mofina e cruel se o erro nasce do conluio entre a própria irreflexão e a falta de atenção às motivações de estadistas que porventura lhe tenham aberto o caminho. Ai dos vencidos, diziam os romanos. E ai daqueles que negligenciam as conquistas de seus maiores.

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