quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Choque de Alianças no Oriente Próximo ?


                       
       A Rússia anunciou a 24 do corrente que fornecerá, dentro de duas semanas, um sistema com mísseis antiaéreos S-300 à Síria, para permitir que as forças do governo sírio possam defender-se de ataques aéreos, como o que Israel lançou na semana passada no noroeste do país. Segundo o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, também serão bloqueadas igualmente as comunicações no Mar Mediterrâneo de aviões que bombardearem  a Síria.
          Na semana passada, bateria siria da era soviética derrubou, por engano, um avião russo com 15 tripulantes, depois que vários aviões de combate israelenses bombardearam a Síria. Nesse sentido, Shoigu deixou claro que a decisão de fornecer os S-300 se dá em represália ao ataque aéreo israelense contra instalações sírias."Agora a situação mudou, e não por nossa culpa.", afirmou o ministro.
          Temeroso de eventual reforço da posição síria, Israel pressionava faz tempo para que Putin não enviasse os S-300 à Síria, temendo dos reflexos táticos e mesmo estratégicos dessa decisão, temendo que tal reforço sírio prejudicasse sua capacidade de impedir o crescimento de forças do Irã e do Hezbollah em solo sírio, através dos ataques aéreos.
            O ministro russo da Defesa disse a propósito esperar que a chegada dos S-300 à Síria "esfrie as cabeças quentes" contra atuações que ponham  em perigo militares russos. "Caso contrário - acrescentou - seremos obrigados a reagir de acordo com a situação."
            O Ministério da Defesa da Rússia responsabilizou Israel pela derrubada do avião russo Il-20, abatido pela defesa síria no dia dezessete.  O porta-voz da pasta, general Igor  Konanshenkov, qualificou de "falta de profissionalismo" e "negligência criminosa" a atuação dos pilotos israelenses no local do incidente e os acusou de utilizar a aeronave russa  como escudo contra a defesa antiaérea síria.
             A 24 do corrente, o primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse a Vladimir Putin que fornecer sistema de armas avançadas a "elementos irresponsáveis" aumentará os perigos na região, segundo o gabinete do premiê. Em telefonema realizado pouco depois de a Rússia anunciar que fornecerá o sistema antimísseis à Siria, Netanyahu relatou igualmente haver dito a Putin que Israel continuará protegendo sua segurança e seus interesses.  O lider israelense também informou  ter combinado com o Presidente Putin manter a coordenação entre as Forças Armadas dos dois países.
                O governo americano, por sua vez, pediu que a Rússia desista de fornecer o sistema de mísseis antiaéreos à Siria, por considerar que isso representaria aumento significativo da violência na região.
                  "Acreditamos que entregar os S-300 ao governo sírio significaria uma escalada importante por parte dos russos. E esperamos que eles reformulem a decisão", disse o novel Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, em New York.
                    O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, antecipou que pretende discutir a venda do sistema em reunião com o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, em New York, em encontro paralelo à Assembléia-Geral.
                    É de notar-se que tais mísseis S-300 permitiriam à Síria de enfrentar um ataque aéreo israelense ou americano, com caças Stealth, helicópteros, bombardeios e mísseis balísticos. Tendo um alcance de até 250 km, os mísseis poderiam habilitar a Siria dispor de um escudo antimísseis para defendê-la e suas infraestruturas vitais no caso de um possível ataque exterior.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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