A Rússia anunciou a 24
do corrente que fornecerá, dentro de duas semanas, um sistema com mísseis antiaéreos
S-300 à Síria, para permitir que as
forças do governo sírio possam defender-se de ataques aéreos, como o que Israel
lançou na semana passada no noroeste do país. Segundo o ministro russo da
Defesa, Serguei Shoigu, também serão
bloqueadas igualmente as comunicações no Mar Mediterrâneo de aviões que bombardearem a Síria.
Na semana passada, bateria siria da
era soviética derrubou, por engano, um avião russo com 15 tripulantes, depois
que vários aviões de combate israelenses bombardearam a Síria. Nesse sentido,
Shoigu deixou claro que a decisão de fornecer os S-300 se dá em represália ao
ataque aéreo israelense contra instalações sírias."Agora a situação mudou,
e não por nossa culpa.", afirmou o ministro.
Temeroso de eventual reforço da
posição síria, Israel pressionava faz tempo para que Putin não enviasse os S-300
à Síria, temendo dos reflexos táticos e mesmo estratégicos dessa decisão,
temendo que tal reforço sírio prejudicasse sua capacidade de impedir o
crescimento de forças do Irã e do Hezbollah em solo sírio, através dos ataques
aéreos.
O ministro russo da Defesa disse a
propósito esperar que a chegada dos S-300 à Síria "esfrie as cabeças quentes" contra atuações que ponham em perigo militares russos. "Caso
contrário - acrescentou - seremos obrigados a reagir de acordo com a
situação."
O Ministério da Defesa da Rússia
responsabilizou Israel pela derrubada do avião russo Il-20, abatido pela defesa
síria no dia dezessete. O porta-voz da
pasta, general Igor Konanshenkov,
qualificou de "falta de profissionalismo" e "negligência
criminosa" a atuação dos pilotos israelenses no local do incidente e os
acusou de utilizar a aeronave
russa como escudo contra a defesa
antiaérea síria.
A 24 do corrente, o primeiro
ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse a Vladimir Putin que
fornecer sistema de armas avançadas a "elementos irresponsáveis"
aumentará os perigos na região, segundo o gabinete do premiê. Em telefonema
realizado pouco depois de a Rússia anunciar que fornecerá o sistema antimísseis
à Siria, Netanyahu relatou igualmente haver dito a Putin que Israel continuará
protegendo sua segurança e seus interesses.
O lider israelense também informou
ter combinado com o Presidente Putin manter a coordenação entre as
Forças Armadas dos dois países.
O governo americano, por sua
vez, pediu que a Rússia desista de fornecer o sistema de mísseis antiaéreos à
Siria, por considerar que isso representaria aumento significativo da violência
na região.
"Acreditamos que
entregar os S-300 ao governo sírio significaria uma escalada importante por
parte dos russos. E esperamos que eles reformulem a decisão", disse o
novel Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, em New York.
O secretário de Estado dos
EUA, Mike
Pompeo, antecipou que pretende discutir a venda do sistema em reunião
com o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, em New York, em
encontro paralelo à Assembléia-Geral.
É de notar-se que tais
mísseis S-300 permitiriam à Síria de enfrentar um ataque aéreo israelense ou
americano, com caças Stealth, helicópteros, bombardeios e mísseis balísticos. Tendo
um alcance de até 250 km, os mísseis poderiam habilitar a Siria dispor de um
escudo antimísseis para defendê-la e suas infraestruturas vitais no caso de um
possível ataque exterior.
(
Fonte: O Estado de S.
Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário