domingo, 30 de setembro de 2018

Seis países americanos denunciam Maduro ao TPI


                    
        Seria de esperar que o número de países das Américas fosse maior do que o sexteto de Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru. Com efeito,somente cinco países sul-americanos e o norte-americano Canadá enviaram nesta 4ª feira, dia 26, ao Tribunal Penal Internacional (TPI) um pedido para investigar crimes de lesa-Humanidade cometidos pelo regime de Nicolás Maduro, a partir de fevereiro de 2014.
         Esta é a primeira vez que governos nacionais acionam a Corte, sediada na Haia, contra outro país signatário do Acordo de Roma. O Governo brasileiro resolveu não se juntar ao pedido porque a Procuradoria-Geral já estava investigando a  Venezuela, desde fevereiro, e o Itamaraty acredita que a carta poderia ser encarada como pressão política sobre ela.
         Segundo informa, outrossim, a Folha, o governo brasileiro também entende que o fato de um Estado pedir investigação de outro abre um precedente que não seria bom. Quer-me parecer, contudo, que, SMJ, há limites para nortear a posição de um Estado, e o Brasil, com a sua posição na América Latina, e tendo já problemas com a migração venezuelana em Roraima, deveria participar da iniciativa dos seis países acima citados.
           Entre as acusações listadas pelo representante argentino, Jorge Faurie, acham-se "detenções arbitrárias, assassinatos, execuções extra-judiciais, torturas, abusos sexuais, violações e atentados contra o processo devido."
           É de notar-se que algumas das vítimas são menores de idade, segundo afirmou o Ministro, para quem,se as denúncias forem comprovadas "ficariam claramente configurados os crimes de lesa-Humanidade".
           A carta pede, outrossim, à  Procuradora-geral Fatou Bensouda que sejam investigadas acusações desde 12 de fevereiro de 2014  "para que se determine se se deve acusar uma ou várias pessoas", disse o chanceler peruano, Néstor Popolizio.
           O pedido se baseia em dois informes sobre a violação dos direitos humanos na Venezuela, um da OEA, e outro do Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas.
             Nesse contexto, a chanceler do Canadá, Chrystia Freeland acrescentou: "Em um momento em que muitos países dão as costas à ordem internacional baseada em regras e quando o próprio TPI está sob ataque, é alentador ver e participar de um esforço para transmitir os crimes do regime de Maduro a esse órgão".
              Freeland se referia à decisão dos Estados Unidos de sancionar o Tribunal, em reação à movimentação do TPI  para investigar supostos crimes de guerra cometidos pelos EUA no Afeganistão. Washington retirou seu apoio ao TPI em 2002, apenas dois anos após assinar o Estatuto de Roma.
              Já há um exame preliminar em curso na Corte sobre a situação na Venezuela. Essa etapa antecede a abertura de investigação formal e não tem prazo para terminar.
               A aludida pré-apuração, anunciada pelo TPI em fevereiro deste ano, se ocupa de crimes cometidos durante manifestações contra Maduro que deixaram mais de 120 mortos de abril a junho de 2017.
                Investiga-se o uso excessivo de força pelas tropas do governo para dispersar e reprimir manifestantes, além de detenções aleatórias e abusos cometidos contra eles durante a prisão. Agressões cometidas por oposicionistas contra as forças de Maduro também estão no escopo do TPI.
               A carta acima referida também pede ao TPI que acelere a investigação em causa e apresente conclusões.
                   Ainda nesse sentido, os países da região têm intensificado a pressão sobre o regime da Venezuela, que, como se sabe, se acha mergulhado  em grave crise humanitária, econômica e política, que se vem intensificando nessa década, com o continuado aumento da emigração para países vizinhos.
                     Consoante as estimativas das Nações Unidas cerca de 2,3 milhões de venezuelanos deixaram o país, a maior parte deles está hoje na Colômbia - e o Brasil abriga cerca de 55 mil, a maior parte em Roraima.         
           
( Fonte: Folha de S. Paulo )

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