Tantos anos depois,
como tentar ler nas fisionomias do acusado, o alegado molestador, juiz Brett Kavanaugh, e da acusadora, a suposta
vítima, Christine Blasey Ford, quem mente e quem diz a verdade ?
Na tevê, o que dizer dos semblantes dos
protagonistas desse drama tão americano? A busca da verdade não seria apenas propósito
acadêmico, mas o sacrifício da vítima, que não hesita em arrostar os holofotes
da audiência pública na mais alta Câmara americana, ou uma missão kamikaze de alguém que por ideologia não
hesita em afrontar os arrecifes e redemoinhos de Sillas e Charibdes em
entrechoque que como desenlace lhe prometem afirmação ou desonra?
Antes de procurar a verdade de quem acusa, ou
de quem se defende, pensemos na molestada - que deixa um silêncio e consequente
segredo de decênios , para afrontar o desafio da disputa sobre a atribuição de
uma alegada culpa. E também no acusado, que pela sua condição, é arrastado para
a arena.
Conhecida a acusadora, e arrimados na lógica, será difícil negar que
quem intenta responsabilizar uma alta autoridade, e que dispõe de um passado
que não lhe retira a necessária credibilidade, há de partir nessa ingrata
empresa com a suposição do sacrifício. Com efeito, a lógica não decide, mas tem
argumentos fortes para dar credibilidade a quem arrosta ordálio de empreender
pública acusação contra alta personalidade, se não dispuser de terrível
experiência que empurra a vítima para o público sacrifício, dada a força da
consciência a constrangê-la a confrontar o torpe molestador de um passado, que
as surpresas da política jogaram de novo para a ribalta pública.
A acusadora veste a pele da vítima uma vez mais, ao submeter-se às
vespas públicas que a mando de outras forças estão consignadas a atacá-la e
expô-la como se estivesse a inventar do passado uma calúnia?
Para ter certeza em tal embate de personalidades, é preciso a mente aberta, para lançar-se do
alto das respectivas cátedras na arena pública. A vitima passada, pela sua situação
presente, em que a condição de fraqueza ainda prevaleça, deve ser escrutinada
em que olhos de promotor e defensor público se unam, na missão ingrata de
buscar a verdade, por arcana que seja.
Dada a idade dos protagonistas desse embate que é transferido para o
circo romano do Senado, será o cotejo entre convicções quanto a fisionomias,
procedimentos passados, eventuais pendores para buscar o palco dos julgamentos
alheios, e possíveis testemunhos contrastantes de personagens secundários. Nada,
porém, como o exame detido das respectivas personalidades e o consequente juízo
fundado em avaliações submetidas às respostas de cada um.
( Fontes: CNN, New York Times )
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