terça-feira, 11 de setembro de 2018

A Crise Alimentar na Venezuela


                             

         Segundo as Nações Unidas, três milhões e setecentas mil pessoas passam fome na Venezuela. Já em 2011, eram novecentos mil os famintos naquele país, o que é número quatro vezes menor. Sem embargo, o governo chavista empenha-se em tentar demonstrar que a Venezuela não vive uma crise humanitária.
           Consoante o governo venezuelano, a situação estaria sendo manipulada para justificar uma intervenção estrangeira no país.
            Em verdade, a própria dinâmica social, com o crescimento descontrolado da diáspora venezuelana no exterior, desmente as tentativas do Governo Maduro e de seus poucos aliados de tentar mascarar essa emergência que cresce a cada dia, e que alimenta os bolsões de emigrados que se vão formando de forma descontrolada nos países limítrofes.
             O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, se reúne hoje, onze de setembro, no âmbito das Nações Unidas, com diplomatas de Quênia, África do Sul, Togo, Nigéria, Angola, República Popular da China, Qatar e Arábia Saudita, para pedir que não votem contra a Venezuela - ou se abstenham nas votações.
               Segundo a FAO, a proporção da população desnutrida na Venezuela, que caíra de 10,5 %, em 2005, para 3,6%, em 2011, e no período subsequente a situação se agravou, com 11,7%.
                Malgrado a gravidade da situação assinalada pelos dados disponíveis, Arreaza denunciou ontem nas Nações Unidas a ameaça de intervenção em seu país e alertou que  a crise econômica está sendo "manipulada" e "promovida" para justificar um "golpe militar".
                  Ontem, Arreaza se reuniu com a nova chefe de Direitos Humanos, nas Nações Unidas, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet.  O encontro foi importante, porque se segue a um estranhamento entre o Organismo e o governo Maduro de quatro anos.
                   Arreaza, como ministro de Nicolas Maduro, se empenha em negar a realidade da situação no próprio país. Para ele, a Venezuela não vive uma crise humanitária: "Existe uma crise econômica que é resultado das sanções de Estados Unidos e Europa", afirma o Ministro.
                     A despeito da cortina de fumaça de atribuir ao estrangeiro o que é da responsabilidade do regime chavista, tais argumentos não têm consistência, e não passam de uma fuite en avant diante da realidade. Para as Nações Unidas, a crise está levando a uma aceleração do êxodo de venezuelanos. Bachelet lançou, a respeito, o alerta: "Cerca de 2,3 milhões de pessoas deixaram o país até o dia primeiro de julho, o que representa 7 por cento do total da população", afirmou a ex-presidente do Chile. E aditou: "Esse movimento se está acelerando." "Na primeira semana de agosto, mais de quatro mil venezuelanos por dia entraram no Equador, 50 mil chegaram à Colômbia em três semanas de julho e oitocentos por dia estão entrando no Brasil." De acordo com a Sra.Bachelet, desde que as Nações Unidas publicaram seu último informe, a entidade  continuou a receber informações sobre violações de direitos, incluindo prisões arbitrárias e restrição de liberdade de expressão. "O governo não mostrou abertura  para medidas genuínas de responsabilidade", criticou, por fim, a Senhora Bachelet.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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