Segundo as Nações
Unidas, três milhões e setecentas mil
pessoas
passam fome na Venezuela. Já
em 2011, eram novecentos mil os famintos naquele país, o que é número quatro
vezes menor. Sem embargo, o governo chavista empenha-se em tentar demonstrar
que a Venezuela não vive uma crise humanitária.
Consoante o governo venezuelano, a
situação estaria sendo manipulada para justificar uma intervenção estrangeira
no país.
Em verdade, a própria dinâmica
social, com o crescimento descontrolado da diáspora venezuelana no exterior,
desmente as tentativas do Governo Maduro e de seus poucos aliados de tentar
mascarar essa emergência que cresce a cada dia, e que alimenta os bolsões de
emigrados que se vão formando de forma descontrolada nos países limítrofes.
O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, se reúne hoje, onze de
setembro, no âmbito das Nações Unidas, com diplomatas de Quênia, África do Sul,
Togo, Nigéria, Angola, República Popular da China, Qatar e Arábia Saudita, para
pedir que não votem contra a Venezuela - ou se abstenham nas votações.
Segundo a FAO, a proporção da
população desnutrida na Venezuela, que caíra de 10,5 %, em 2005, para 3,6%, em
2011, e no período subsequente a situação se agravou, com 11,7%.
Malgrado a gravidade da
situação assinalada pelos dados disponíveis, Arreaza denunciou ontem nas Nações
Unidas a ameaça de intervenção em seu país e alertou que a crise econômica está sendo "manipulada" e "promovida" para justificar um "golpe
militar".
Ontem, Arreaza se reuniu com
a nova chefe de Direitos Humanos, nas Nações Unidas, a ex-presidente chilena Michelle
Bachelet. O encontro foi importante,
porque se segue a um estranhamento entre o Organismo e o governo Maduro de
quatro anos.
Arreaza, como ministro de
Nicolas Maduro, se empenha em negar a realidade da situação no próprio país.
Para ele, a Venezuela não vive uma crise humanitária: "Existe uma crise
econômica que é resultado das sanções de Estados Unidos e Europa", afirma
o Ministro.
A despeito da cortina de
fumaça de atribuir ao estrangeiro o que é da responsabilidade do regime
chavista, tais argumentos não têm consistência, e não passam de uma fuite en avant diante da
realidade. Para as Nações Unidas, a crise está levando a uma aceleração do
êxodo de venezuelanos. Bachelet lançou, a respeito, o alerta: "Cerca
de 2,3 milhões de pessoas deixaram o país até o dia primeiro de julho, o que
representa 7 por cento do total da população", afirmou a ex-presidente do
Chile. E aditou: "Esse movimento se está acelerando." "Na
primeira semana de agosto, mais de quatro mil venezuelanos por dia entraram no
Equador, 50 mil chegaram à Colômbia em três semanas de julho e oitocentos por dia estão entrando no
Brasil." De acordo com a Sra.Bachelet, desde que as Nações Unidas
publicaram seu último informe, a entidade
continuou a receber informações sobre violações de direitos, incluindo
prisões arbitrárias e restrição de liberdade de expressão. "O governo não
mostrou abertura para medidas genuínas
de responsabilidade", criticou, por fim, a Senhora Bachelet.
(
Fonte:
O Estado de S. Paulo )
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