Antes considerada favas
contadas, a confirmação do juiz Kavanaugh como membro do Supremo tornou-se questão
bastante dúbia, com a entrada em cena da Dra Christine Blasey Ford que levantou
a acusação de acosso sexual contra esse juiz.
Tudo indica que a alegada transgressão de
Brett Kavanaugh tornou-se um problema bastante mais grave para o Partido
Republicano, dada a possibilidade de
efeitos colaterais na disputa das vindouras eleições intermediárias, que levem
inclusive a um landslide favorável
aos democratas, não só na Câmara de Representantes, mas também no próprio
Senado Federal.
Se
a acusação da Dra.Blasey Ford continuar aumentando em força persuasiva, a
reação do eleitorado poderá levar de cambulhada várias candidaturas do GOP, mesmo em estados ditos vermelhos[1],
considerados por conseguinte estados que votam em geral em representantes (ou
senadores) republicanos.
Há muitos fatores que trabalham por votação
pró-democrata tanto na Câmara de Represen-tantes, quanto no Senado. O principal
deles está na profunda desmoralização de Trump e de sua Administração, e por
isso as eventuais tentativas de avaliar com alguma precisão a intensidade
dessa reação tendem a ser assaz difíceis, tantos e tão grandes são os
problemas e tropeços registrados pelo 45º presidente.
Dentro dessas forças pró-Partido Democrata, e dos eventuais grandes valores que esse movimento in fieri nos promete, está o provável retorno de Nancy Pelosi à cadeira de Speaker da Câmara de Representantes. Como todo grande valor, ela tenderá a trazer de volta a sua capacidade de presidente da Câmara para a Nação americana, que dela está muito precisada. Se cotejarmos o seu retrospecto como Madam Speaker, diante dos vários Speakers do GOP que intentaram substituí-la, teremos pela frente um fenômeno de mediocridades contrapostas a uma personalidade que além de legar ao Povo Americano grandes conquistas legislativas, como as reformas da Saúde e aquela dos Bancos, tornou possível que a Câmara de Representantes ocupasse um lugar de relevância no universo político americano, e não o de uma simples instância burocrática.
Assim como a princípio os grandes furacões são por vezes de difícil
aferição, não pela circunstância de serem demasiado violentos, mas pelo singelo
fato de que a amplitude do respectivo poder de destruição tende a fazer com que
as avaliações - mesmo aquelas pós-mediatas - tornam o tétrico registro do respectivo poder destrutivo ainda de mais árduo
cômputo naquelas sombrias jornadas em que essas feras do Caribe ainda não se
mostraram em toda a sua hedionda capacidade de deformar e mesmo inviabilizar as construções humanas.
Por outro lado, ainda não se sabe o que nos reserva o trabalho do
Conselheiro Especial Robert Mueller III. Quando uma Administração perde a noção
dos elementares cuidados a serem tomados por um governo que não só faça leis,
mas que cuide de respeitar aquelas em vigor, um Estado político adentra mares
que são ainda mais perigosos - e o que tende a ser ainda pior - que o país pode
confrontar-se com uma herança de desrespeito normativo que está suscetível de
apresentar questões de ainda mais difícil solução, pela sua carga deletéria de
Administrações fundadas em ficções ditas legais, que na realidade dessa dita
verdade dela não poderiam estar mais afastadas.
( Fonte: The New York Times )
[1]
Por estranha idiossincrasia americana, um estado vermelho não quer dizer um
estado socialista ou com tendência radical de esquerda, mas sim um estado que
em geral vota pelo GOP (os republicanos adotam a cor vermelha, e os democratas
a azul)...
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