A
postura de um anti-palestinismo enragé da
Administração Trump constitui mais uma investida anti-Palestina, ora tomada e,
na verdade, incrementada pela choldra com que esse presidente vai buscar
"reforçar" a sua equipe com pessoal que outras administrações mais
bem estruturadas cuidaram avisadamente de manter à prudente distância.
Esse Mr John Bolton é decerto o assessor de segurança nacional
apropriado para a presente Administração republicana. Mantido na geladeira por
muito, ele ora volta sob as bênçãos de Mr Trump, com uma política
ultra-pró-Israel, sem manter o necessário equilíbrio que caracteriza a boa
diplomacia, e não aquela servil, que torna Jerusalém a capital acreditada de
Israel, em movimento que propugna um colossal atraso para qualquer política que
queira trazer a paz para o Oriente Médio.
Mesmo na Administração Clinton o trabalho de David Scheffer encontrara
muitos obstáculos para que os Estados Unidos participasse do Tribunal Penal
Internacional, o que, ao cabo não seria de todo possível, por inúmeras
prevenções e infundados temores, que o estabelecimento político estadunidense
ainda mantém.
Serão personagens como esse Mr Bolton que ora se aprestam não a
trabalhar em prol da paz no Oriente Médio, mas em obstaculizar todo e qualquer
esforço nesse sentido.
O Povo palestino, que o atual governo de Bibi Netanyahu cuida de
submeter a condições humilhantes e provocadoras, terá decerto nesse personagem
há muito mantido a prudente distância por outras Administrações americanas
com um pouco de equilíbrio e de juízo, um adversário - senão um inimigo -
feroz dessa pobre gente que luta por resoluções do Conselho de Segurança, tornadas inúteis por política que não se bateu pela justiça na matéria das
questões de inúmeras Resoluções do Conselho de Segurança que se permitiu se
tornassem na prática peremptas na sua equânime defesa dos direitos do Povo
palestino.
A Paz não se constrói com a argamassa da injustiça, da sufocação e da
denegação de direitos elementares. Esta anti-política de atenazar, primeiro, e
depois submeter a gente palestina a condições cada vez mais anti-humanas, não
nos fará esquecer as grandes empresas que se permitiu fossem abafadas mesmo
após ser comemorada nos jardins da Casa Branca, em momentos decerto mais
risonhos e promissores do que a tétrica visão dessa política servil, marcada
por ações mofinas, que apenas trabalham em prol do odium entre as gentes, enquanto cria a lúrida, insuportável
ambiência que só fomenta a injustiça, constituindo na prática a anti-política,
em que se empenham os que trabalham apenas para nos mostrar quão estúpido pode
ser o homem ao imitar as ratazanas dos regimes que não ousam mostrar-se,
abertos e risonhos, sob a luz da verdade e da justiça. Será aquela mesma luz
que brilhou nos jardins da Casa Branca, no aperto de mão entre Arafat e Rabin.
É a causa da liberdade, por que ambos pagaram com a própria vida.
Muito se enganam as
pobres criaturas fautoras do opróbrio se acaso imaginam que um ideal possa ser
pisoteado e mandado para os calabouços da servidão, nessa política das grandes
ilusões que acredita possível sufocar ad
eternum o luminoso e libertário sonho da liberdade com justiça.
É hora de enterrar
nos jardins da Casa Branca as mesquinharias do presente, no pensamento a
esperança de tempos melhores.
(Fonte: All the Missing Souls, de David Scheffer)
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