terça-feira, 11 de setembro de 2018

Considerações sobre o anti-palestinismo


                    

         A postura de um anti-palestinismo enragé da Administração Trump constitui mais uma investida anti-Palestina, ora tomada e, na verdade, incrementada pela choldra com que esse presidente vai buscar "reforçar" a sua equipe com pessoal que outras administrações mais bem estruturadas cuidaram avisadamente de manter à prudente distância.
            Esse Mr John Bolton é decerto o assessor de segurança nacional apropriado para a presente Administração republicana. Mantido na geladeira por muito, ele ora volta sob as bênçãos de Mr Trump, com uma política ultra-pró-Israel, sem manter o necessário equilíbrio que caracteriza a boa diplomacia, e não aquela servil, que torna Jerusalém a capital acreditada de Israel, em movimento que propugna um colossal atraso para qualquer política que queira trazer a paz para o Oriente Médio.
              Mesmo na Administração Clinton o trabalho de David Scheffer encontrara muitos obstáculos para que os Estados Unidos participasse do Tribunal Penal Internacional, o que, ao cabo não seria de todo possível, por inúmeras prevenções e infundados temores, que o estabelecimento político estadunidense ainda mantém.
                Serão personagens como esse Mr Bolton que ora se aprestam não a trabalhar em prol da paz no Oriente Médio, mas em obstaculizar todo e qualquer esforço nesse sentido.
                 O Povo palestino, que o atual governo de Bibi Netanyahu cuida de submeter a condições humilhantes e provocadoras, terá decerto nesse personagem há muito mantido a prudente distância por outras Administrações americanas com um pouco de equilíbrio e de juízo, um adversário - senão um inimigo - feroz dessa pobre gente que luta por resoluções do Conselho de Segurança, tornadas inúteis por política que não se bateu pela justiça na matéria das questões de inúmeras Resoluções do Conselho de Segurança que se permitiu se tornassem na prática peremptas na sua equânime defesa dos direitos do Povo palestino.
                     A Paz não se constrói com a argamassa da injustiça, da sufocação e da denegação de direitos elementares. Esta anti-política de atenazar, primeiro, e depois submeter a gente palestina a condições cada vez mais anti-humanas, não nos fará esquecer as grandes empresas que se permitiu fossem abafadas mesmo após ser comemorada nos jardins da Casa Branca, em momentos decerto mais risonhos e promissores do que a tétrica visão dessa política servil, marcada por ações mofinas, que apenas trabalham em prol do odium entre as gentes, enquanto cria a lúrida, insuportável ambiência que só fomenta a injustiça, constituindo na prática a anti-política, em que se empenham os que trabalham apenas para nos mostrar quão estúpido pode ser o homem ao imitar as ratazanas dos regimes que não ousam mostrar-se, abertos e risonhos, sob a luz da verdade e da justiça. Será aquela mesma luz que brilhou nos jardins da Casa Branca, no aperto de mão entre Arafat e Rabin. É a causa da liberdade, por que ambos pagaram com a própria vida.
                          Muito se enganam as pobres criaturas fautoras do opróbrio se acaso imaginam que um ideal possa ser pisoteado e mandado para os calabouços da servidão, nessa política das grandes ilusões que acredita possível sufocar ad eternum o luminoso e libertário sonho da liberdade com justiça.
                            É hora de enterrar nos jardins da Casa Branca as mesquinharias do presente, no pensamento a esperança de tempos melhores.
 
                    
(Fonte: All the Missing Souls, de David Scheffer)                   

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