A juíza
Simone Barbisan Fortes, da 1ª Vara
Federal de Florianópolis, rejeitou a 30 de agosto de 2018, a denúncia do
Ministério Público Federal contra o Reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar, e o
chefe de gabinete da Reitoria, Áureo Mafra de Moraes, por suposta injúria
contra a delegada da Polícia Federal Érika Marena.
O
reitor e o chefe de gabinete eram acusados de ofender "a honra funcional" da delegada
federal.
Como
é do conhecimento público, Érika é responsável pela Operação Ouvidos Moucos, que apura suspeita de desvios na UFSC. Em setembro do ano
passado, a investigação resultou na prisão do então Reitor da universidade,
Luiz Carlos Cancellier. Ele foi preso, segundo a PF, por supostamente ter
tentado barrar investigações internas sobre o caso e deixado de tomar medidas
para coibir problemas na fiscalização de recursos.
Em
outubro, Cancellier se suicidou em Florianópolis. Em seu bolso, havia um bilhete com a frase: "Minha
morte foi decretada quando fui banido da universidade." Desde então, houve
diversas manifestações na UFSC contra a atuação da PF na Operação Ouvidos Moucos.
De
acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, uma faixa confeccio- nada por "manifestantes não
identificados" e exibida em uma cerimônia em dezembro de 2017 atingiu a "honra funcional" da
delegada da PF. O evento celebrava a fixação de
um quadro com a foto de Cancellier na galeria dos ex-reitores da
Universidade. Na faixa havia uma foto da delegada e o título "As faces do
abuso de poder", além dos dizeres "Agentes públicos que praticaram
abuso de poder e que levou ao suicídio do reitor".
A
magistrada, no entanto, considerou que "a manifestação indicada na
denúncia estaria dentro do exercício da liberdade de expressão, expondo
sentimentos de revolta em um momento traumático para a comunidade
universitária, sem que tenha havido ofensa à honra da delegada."
Acusação.
O Reitor Ubaldo Cesar Balthazar presidiu a cerimônia realizada no ano passado,
e foi acusado de ter-se omitido diante da manifestação. O Ministério Público
disse, na denúncia, que era responsabilidade do reitor ter coibido o protesto,
exercendo "poder de polícia administrativo", e pedido a retirada da
faixa. Já o professor Áureo foi
denunciado por ter consentido em deixar-se fotografar e filmar em frente à faixa. O Ministério
Público entendeu que os protestos ganharam "caráter oficial" ao
aparecer em um vídeo da TV UFSC, na qual o professor aparece falando em frente
a um microfone. Áureo foi chefe de gabinete de Cancellier.
A
respeito, a Juiza Simone Fortes
escreveu: "É da essência das atribuições dos agentes públicos atuantes nas
mais diversas esferas de alguma forma ligadas à Justiça, aqui incluídas aquelas
afeitas à investigação criminal, que suas práticas (ressalto, mesmo que
absolutamente legais e corretas) muitas das vezes não sejam aplaudidas pelas
maiorias e, em sendo seu papel contramajoritário,é esperado que por vezes
uma ou mais pessoas - muitas vezes um
coletivo - insurjam-se contra suas opiniões,pareceres, relatórios,
investigações ou decisões." A juíza também afastou a possibilidade de
reconhecimento do crime de calúnia.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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