Serei talvez o único a
mencionar a primeira mulher que deixou de ser presidente pelas estranhíssimas
ações de um promotor que o presidente Barack Obama trouxe do quase anonimato
para nomear diretor do Federal Bureau of Investigations (FBI), v.g. Mr James
Comey. A responsabilidade desse republicano que Obama resolvera distinguir se
reporta notadamente à maneira agressiva e desrespeitosa com que tratou a
candidata Hillary, a ensejo de audiências públicas por causa da investigação
dos e-mails de Hillary Clinton e de
seu emprego, em caráter privado, de um canal público de comunicação, quando na
chefia do State Department. Mas a má-fé do promotor decidiria na prática a eleição,
ao ensejo da malfadada "descoberta" do computador do esposo separado
de sua secretária Huma Abedin, em que Comey levantara as atenções dos chamados
eleitores antecipados sobre o eventual conteúdo desse computador. Como se
insinuavam revelações que jamais se confirmaram, este seria o triunfo da má-fé,
manipulada por um promotor que, à vista das aparências, se transforma no
determinante fautor da desastrosa eleição de Donald Trump.
Pelas notícias na imprensa
americana, a investigação realizada pelo Promotor especial Robert S Mueller III
colhe êxito sobre êxito, condenando associado do Presidente Trump como Paul
Manafort por oito acusações de fraude, e, por outro lado, forçando o advogado
particular do presidente, Michael Cohen, a reconhecer, sob juramento, haver
trabalhado em coordenação com Trump para que as histórias sobre os casos
extraconjugais não se tornassem públicas antes das eleições. Os detalhes
revelados por Cohen batem com os pagamentos feitos a Stephanie Clifford (ou
Stormy Daniels), e a Karen McDougal, a quem teria pago 150 mil dólares. Cohen disse ter sido
reembolsado por Trump mais tarde.
Mr Cohen, cujas implicações
desastrosas para o presidente haviam sido objeto de artigos anteriores em The New York Review, declarou-se culpado
de evasão fiscal, fraude bancária e de violações financeiras da legislação
sobre campanha eleitoral.
Por outro lado, Cohen é o
exemplo típico de quem, por excesso de ambição - se meter em questão de alto
bordo, para salvar o candidato Trump das próprias confusões sexuais - e ao fazê-lo
se expõe aos holofotes da máxima atenção pública, pondo a descoberto as suas
questionáveis ações em matéria de aquisição de frota de táxis. Ao lançar-se a
jogadas bem acima de seu nível costumeiro, o advogado Michael Cohen paga o alto
preço de expor-se aos refletores da campanha presidencial.
Compreende-se, por
conseguinte, que num comício na Virgínia Ocidental Trump discorreu por primeira
vez sobre Manafort, a quem descreveu como "um bom homem". O
presidente, no entanto, ignorou o caso de Cohen. Não é de surpreender, porque advogados de
Trump têm dito há meses, de forma privada, que o caso de Cohen é potencialmente
mais problemático para o presidente do
que a investigação do Conselheiro Mueller.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo, The New York Times )
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