Gospodin
Vladimir Putin terá contado talvez demasiado nos préstimos de seu amigo, o
Presidente Donald Trump.
A
Rússia terá atravessado a linha vermelha da prudência quando interveio com
desbragada ousadia nas eleições de 2016, com o hacking das comunicações do comitê nacional democrata, ao ensejo da
votação presidencial daquele ano fatídico, ao ensejar a vitória de um candidato
que já pontifica como um grande rival de Buchanan,
até o presente havido como o pior presidente na história política estadunidense.
Por outro lado, a recente cimeira de
Helsinque, com o encontro dos líderes estadunidense e russo, não clareou
demasiado os céus das relações entre os dois países, com as suspicácias
levantadas pelas acomodações e os silêncios de Trump.
Para
que haja a normalização das relações entre Moscou e Washington, o Ocidente
cobra a sua parte do Kremlin. Além
das suspeitas revoluções separatistas na Ucrânia oriental, em que a pata do
urso é evidente - e que são consequência da queda do títere pro-Rússia no
governo ucraniano, em resultado do levante da praça Maidan, em Kiev - seguiu-se
também o grande mau-passo da anexação da Crimeia, feita em sinuosa operação por um exército a
que faltava - como se necessário fora -
o uniforme russo.
Por causa dessa monumental pequena invasão,
que engoliu no silêncio de uma jornada a península da Criméia, com a primeira
garrafal mudança nas fronteiras da Europa oriental desde a queda da Alemanha
hitlerista, ao ensejo da IIª Guerra Mundial, Moscou não atuara com tal
insolente audácia ao anexar a província da Crimeia, que desde muito demorava sob
o poder da Ucrânia.
Por isso, as sanções aplicadas pelo Ocidente - e até mesmo aquelas
pontuais, ideadas por Barack Obama, visando os cupinchas do presidente Vladimir
Putin - ainda dóem para a economia russa que não é assim tão forte, máxime se a
cotação do petróleo Brent não pelas alturas.
A lição que o Ocidente se tem empenhado em transmitir a esse aluno que
pretende participar dos colégios em que se reúnem os líderes das principais
potências é que há certas regras que devem ser respeitadas, a começar pela
soberania nacional.
A Criméia, v.g., não é decerto uma província distante de um país
longinquo, de que pouco se conheça. O tratado de Munique faz parte da história
- daquela que se desejaria esquecer - quando os primeiros ministros britânico e
francês ainda pensavam em apaziguar o
então poder insatisfeito da Alemanha nazista, às custas de um país do qual
dizia o líder inglês pouco ou nada conhecer.
Há geral concordância em que esse
tempo felizmente já passou. Daí a reação dos Estados Unidos, então sob a
presidência Obama, e da própria Europa ocidental, aplicando duras sanções ao
infrator, no caso a Federação Russa, de Vladimir Putin.
Não são tempos de novichok e
de assassínios sob encomenda. Daí a firmeza do Ocidente - e dos Estados Unidos,
em especial - em sancionar eventuais infratores da paz geral, que inclui o
respeito pelas fronteiras dos diversos Estados, dentro de suas linhas limítrofes
internacionalmente respeitadas.
(Fonte: The New
York Times)
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