domingo, 12 de agosto de 2018

Moscou deve pagar suas contas


                 
        Gospodin Vladimir Putin terá contado talvez demasiado nos préstimos de seu amigo, o Presidente Donald Trump.
        A Rússia terá atravessado a linha vermelha da prudência quando interveio com desbragada ousadia nas eleições de 2016, com o hacking das comunicações do comitê nacional democrata, ao ensejo da votação presidencial daquele ano fatídico, ao ensejar a vitória de um candidato que já pontifica como um grande rival de Buchanan, até o presente havido como o pior presidente na história política estadunidense.
         Por outro lado, a recente cimeira de Helsinque, com o encontro dos líderes estadunidense e russo, não clareou demasiado os céus das relações entre os dois países, com as suspicácias levantadas pelas acomodações e os silêncios de Trump.
          Para que haja a normalização das relações entre Moscou e Washington, o Ocidente cobra a sua parte do Kremlin. Além das suspeitas revoluções separatistas na Ucrânia oriental, em que a pata do urso é evidente - e que são consequência da queda do títere pro-Rússia no governo ucraniano, em resultado do levante da praça Maidan, em Kiev - seguiu-se também o grande mau-passo da anexação da Crimeia,  feita em sinuosa operação por um exército a que faltava  - como se necessário fora - o uniforme russo.
           Por causa dessa monumental pequena invasão, que engoliu no silêncio de uma jornada a península da Criméia, com a primeira garrafal mudança nas fronteiras da Europa oriental desde a queda da Alemanha hitlerista, ao ensejo da IIª Guerra Mundial, Moscou não atuara com tal insolente audácia ao anexar a província da Crimeia, que desde muito demorava sob o poder da Ucrânia.
              Por isso, as sanções aplicadas pelo Ocidente - e até mesmo aquelas pontuais, ideadas por Barack Obama, visando os cupinchas do presidente Vladimir Putin - ainda dóem para a economia russa que não é assim tão forte, máxime se a cotação do petróleo Brent não pelas alturas.
               A lição que o Ocidente se tem empenhado em transmitir a esse aluno que pretende participar dos colégios em que se reúnem os líderes das principais potências é que há certas regras que devem ser respeitadas, a começar pela soberania nacional.
                A Criméia, v.g., não é decerto uma província distante de um país longinquo, de que pouco se conheça. O tratado de Munique faz parte da história - daquela que se desejaria esquecer - quando os primeiros ministros britânico e francês ainda pensavam em apaziguar  o então poder insatisfeito da Alemanha nazista, às custas de um país do qual dizia o líder inglês pouco ou nada conhecer.
                  geral concordância em que esse tempo felizmente já passou. Daí a reação dos Estados Unidos, então sob a presidência Obama, e da própria Europa ocidental, aplicando duras sanções ao infrator, no caso a Federação Russa, de Vladimir Putin.
                   Não são tempos de novichok e de assassínios sob encomenda. Daí a firmeza do Ocidente - e dos Estados Unidos, em especial - em sancionar eventuais infratores da paz geral, que inclui o respeito pelas fronteiras dos diversos Estados, dentro de suas linhas limítrofes internacionalmente respeitadas.

(Fonte:  The New York Times)       

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