domingo, 26 de agosto de 2018

Depoimento do Rei dos ônibus


                                

       Em seu primeiro processo da Lava-Jato, do Rio de Janeiro, o empresário Jacob Barata Filho, que controla grande parte das linhas de ônibus do Rio, admitiu que as empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), "repassaram a políticos do Estado dinheiro de Caixa 2.
      Em depoimento ontem, na 7ª Vara Federal Criminal, Barata disse que esse caixa chegou a gerar até R$ 6 milhões por mês. Ele citou como beneficiados deputados da chamada Alerj, como Jorge Picciani (MDB) e Paulo Melo (também MDB), ambos quando presidiram a chamada Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).
        Consoante Barata, conhecido como "rei dos ônibus" no Rio de Janeiro, o objetivo do pagamento da "caixinha" era facilitar que projetos que beneficiassem a federação fossem aprovados, e as propostas que prejudicavam a entidade não passassem. 
         Não se pejou, outrossim, o chamado "rei dos ônibus" em afirmar que tal acordo tinha o intúito também de 'beneficiar' o usuário, já que os serviços dos ônibus era feito para gerar conforto, rapidez e o "menor custo possível na passagem" (sic).
           Um dos processos que passaram pela Casa e foi citado por Barata como de interesse da federação, estabelecia a obrigatoriedade de ter cobradores de passagens nos ônibus. Segundo ele, a proposta, se aprovada, poderia representar aumento de tarifa e era desnecessária.
              Segundo Barata, a "contribuição" a agentes públicos começou com recursos para campanhas e, depois, evoluíu para "outras contribuições".  "Não posso detalhar essas  contribuições porque não era eu que fazia esse trato com agentes públicos. Sabia do caixa (2) e concordava com a utilização desse dinheiro", disse, respondendo ao juiz federal Marcelo Bretas (o encarregado da Lava-Jato no Rio de Janeiro).
               Barata afirmou que a Fetranspor resolveu colaborar com as campanhas de políticos porque "o custo de campanha hoje é maior  do que um deputado vai ganhar durante todo o mandato dele."
                 A assessoria de imprensa de Picciani afirmou que "o depoimento do empresário levanta apenas conjecturas, uma vez que ele diz que seria outra pessoa que faria os pagamentos e não informou o tipo de ajuda o deputado teria dado a ele e ao setor". Já a defesa de Melo não se manifestou até o fechamento da edição.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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