Que o crime, organizado ou não, avança no Rio
de Janeiro, é um fato. O governo estadual, depois da roubalheira presidida pelo
governador Sérgio Cabral (que foi
preso e condenado pela Lava-Jato, que
é Operação gerida pela Polícia e o Ministério público) agora se acha em mãos
de seu substituto, contra quem também pesam acusações de malversão de dinheiro
público, posto que não com a amplitude demonstrada por seu antigo chefe. De
qualquer forma, contra Pezão, o atual
governador, tem lidado com suspeitas de envolvimento nesse campo.
Por
outro lado, é notório o envolvimento do Legislativo Estadual, notadamente a sua
direção, com a prática da corrupção. A vinda da intervenção federal para o Rio
de Janeiro se volta justamente para esse ponto, posto que se afigure difícil
que num ambiente a tal ponto dominado pelo crime organizado e a mala vita possa a vinda do Exército
exercer influência duradoura (a missão do exército está prevista, em princípio,
para terminar no fim deste ano).
O
crime organizado, as quadrilhas munidas de armamento pesado, e, last but not least[1],
a sua penetração na esfera estadual e municipal, tenderá a habilitá-los a exercer uma
influência nociva bem maior de a que se poderia esperar há coisa de dez ou
quinze anos atrás.
Em
artigo do mês passado do médico Dráusio Varela, que resumi em blog relativamente recente, se lê uma
séria acusação contra a penetração do crime organizado no Brasil, que ele atribui
à negligência da sociedade brasileira seja em tomar conhecimento, seja em
capacitar-se da gravidade desse desafio
para o nosso país.
É
dificil discordar de Varela. A presença do crime - e, em especial, aquele dito
organizado - tem crescido muito no Brasil.
Por isso, não desperta surpresa maior que no Estado do Rio de Janeiro,
cerca de um milhão de eleitores votem em áreas dominadas pelo crime (mala vita), como noticia o principal
jornal carioca O Globo. Nesse caráter
nocivo interage a influência de áreas dominadas pelo tráfico de entorpecentes
(os morros cariocas que ficaram entregues aos traficantes com a decadência das UPPs unidades de polícia pacificadora) e,
por outro lado, em bairros suburbanos, de menor poder aquisitivo, cresce a
presença das chamadas milícias.
Para que se tenha idéia do poder dos traficantes e da milícia, a polícia
do Rio de Janeiro ainda não determinou se o mega-crime cometido contra a
vereadora Marielle e seu motorista Anderson deva ser atribuído seja à
milícia, seja ao tráfico, ou mesmo à coligação de ambos.
Até o momento, passados quase seis meses do cometimento deste mega-crime
- Marielle
e Anderson
foram fuzilados dentro de seu carro, por viatura muito provavelmente clonada,
em uma rua do centro da cidade do Rio de Janeiro, à noite. Tudo leva a crer que
o móvel do crime esteja no perigo colocado pela popular vereadora, que
representaria uma ameaça a autoridades como
vereadores e outros associados na esfera municipal, em que o poder de Marielle implicaria um real perigo para
a continuidade de atividades criminosas eventualmente postas em risco pela corajosa e honesta
vereadora, que tinha assento na Assembleia do Rio de Janeiro.
Tem despertado tanto inquietude, quanto crescente suspeita de que a
demora em determinar quais foram os mandantes desse megacídio - à noitinha, em
bairro central da cidade do Rio de Janeiro,
foram abatidos tanto Marielle quanto o motorista Anderson
- tenha a ver seja com as dificuldades práticas encontradas pelos investigadores,
seja com a natureza dos mandantes desse delito.
Ora, há observadores que chegam a veicular a hipótese de que a
importância dos eventuais mandantes esteja afetando o trabalho da polícia
encarregada. Compreende-se, dessarte, o desalento e a indignação dos parentes
mais próximos da corajosa e popular Marielle
com a incapacidade, seja sistêmica, seja eventual, dos órgãos encarregados da
descoberta e da sinalização tanto os perpetradores desse ato covarde, quanto
sumamente perigoso, ao adumbrar a possibilidade inquietante de que o eventual
mandante faça parte daqueles que teriam
condições de inibir a própria descoberta.
Boa parte da Opinião Pública carioca acompanha o trabalho do Deputado
Estadual Marcelo Freixo.
Personalidade que goza de grande respeito neste Estado, por força de sua
honestidade, coragem e determinação, ele
se está empenhando em desvendar os responsáveis pela morte da Vereadora
Marielle, uma das líderes do PSol, e de seu motorista Anderson.
(
Fonte: O Globo )
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