Data do tempo de
Hugo Chávez Frias a instauração de câmbio de dólares a duas mãos na Venezuela. Havia um esquema
corrupto de lavagem de dinheiro, que empregava o mercado negro do câmbio
venezuelano e a estatal petrolífera PDVSA, para acumular fortunas no exterior.
Documentos
do Departamento de Justiça dos EUA revelam que os enteados do presidente Maduro
e funcionários do alto escalão da
Central petrolífera venezuelana integraram esquema criminoso que desviou até US$ 1,2 bilhão, valendo-se de
um banco suiço, o Julius Baer.
Nesse sentido, o ex-banqueiro Matthias
Krull, preso em julho último, fechou acordo de delação premiada com os
Estados Unidos, confessou o crime e afirmou que enteados do ditador Maduro
estavam entre seus clientes, no banco supracitado.
O
esquema funcionava graças à existência de duas taxas de câmbio (a oficial e a
paralela) na Venezuela. Dessarte, vendia-se
o dólar na cotação do mercado paralelo e se empregavam os bolívares para
recomprar a moeda americana na cotação oficial, valendo-se para tanto do
suborno de funcionários públicos.
Exemplo desse 'esquema criminoso': em 2014, v.g., um indivíduo poderia
trocar US$ 10 milhões por seiscentos milhões de bolívares, e em seguido trocar
os mesmos bolívares, se tivesse acesso às taxas fixas do governo, por US$ 100 bilhões! Assim, em duas
transações o tal "felizardo chavista" poderia comprar US$ 100 milhões por US$ 10 milhões.
De acordo com a promotoria americana, grande parte desse esquema fraudulento de câmbio ocorria dentro da estatal venezuelana PDVSA : "Ela é uma
fonte primária de recursos e de moeda
estrangeira (sobretudo dólares e euros), usada para financiar um esquema
corrupto de enriquecimento de câmbio."
O
controle cambial na Venezuela foi adotado em 2003 sob Hugo Chávez, tendo sido desfeito somente no correr desta
semana. Como se verifica, tal sistema corrupto aumentou as distorsões no país,
por tornar os produtos com os preços atrelados ao dólar inacessíveis para a
maioria da população. Dentro dessa antilógica, tal segmento venezuelano, sem
salário ligado à moeda estadunidense e sem qualquer acesso a remessas do
exterior, passou a depender de subsídios estatais que, com o passar do tempo,
se tornaram insustentáveis. Consoante essa
conta corrupta, o dinheiro desviado do povo venezuelano seria quatro vezes
superior ao que as Nações Unidas pede para atender aos refugiados venezuelanos
em oito países da América Latina.
Como demonstra a investigação realizada pelos órgãos estadunidenses, um
funcionário do governo recebeu Euros 227 milhões e enviou Euros
159 milhões aos três enteados de
Maduro. Outros Euros 78 milhões seguiram para nomes como Francisco Convit, Carmelo Aqui e Abraham Prtega, entre outros. Como referido acima, as investigações
se realizam nos Estados Unidos, em colaboração com a Confederação Helvética. Nesse contexto, o ex-banqueiro admitiu que
ele, na sua posição, atraía clientes privados "especialmente da
Venezuela".
Consultadas, a diplomacia venezuelana e a PDVSA se abstiveram de
responder.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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