Conseguir espaço de primeira página
em The New York Times não é cousa de
pouca monta. Que Lula o haja
logrado, diz muito sobre sua presidência e quanto terá impactado na memória
desse grande jornal, decerto o mais importante dos Estados Unidos, que o
ex-presidente tenha conseguido o espaço nobre no Times.
Mesmo em nível
presidencial é um feito de se tirar o chapéu, como antes se dizia.
Pena é que o senhor Luiz Inácio
Lula da Silva haja preferido um discurso que não quadra bem com a realidade.
Da prisão especial em Curitiba
terá recorrido aos escribas do PT. Fica o público nova-iorquino deveras mal
informado, mas a rigor não creio que os ghost-writers
se importem muito com isso. Se o torneiro-mecânico que virou
presidente da república, pelo próprio mérito, por mais que se aferre à ficção
ou à meta-realidade, se é forçado a
reconhecer que o presidente Lula terá chegado muito além da Taprobana, e terá
contribuído para que os presidentes no Brasil não se limitem a um amontoado de
bacharéis, com pouquíssimas exceções.
Meu bom e grande amigo Pedro
Carlos Neves da Rocha, que não mais entre nós se encontra[1],
quando lhe fui comunicar que votaria - como a maior parte do eleitorado
brasileiro - em Lula para presidente, me disse apenas: "não voto para
presidente em quem não tem o grau universitário". Era uma forma lapidar de dissociar-se da
paixão que se apossara do eleitorado brasileiro quanto a sua decisão de votar
em Lula.
Na época, dei de ombros, porque
me pareceu preconceituoso o pensamento de meu grande amigo. Passado tanto tempo, eu e muitos outros nos
demos conta - e quanto ! - de que a
precaução de Pedro tinha muita razão de ser.
O New York Times pode ser o jornalão americano, cujas colunas merecem
respeito. Mas deveria ter aberto um
espaço para que à verdade de Lula da Silva se colocasse outra verdade, que
explica a sua prisão, e a confirmação da sentença do Juiz Sérgio Moro pelos
desembargadores de Porto Alegre, no Tribunal Superior ( TRF-4 )
Com isso, palavras e versões à
parte, o iter judicial continua.
Teria sido mais inteligente - e mais prudente - do jornalão americano da costa
leste, que outras ponderações repontassem, para que surgissem as condenações
de instâncias superiores, porque no Brasil temos Justiça, e com letra
maiúscula, e o que já se congregou no que tange à realidade penal de Luiz
Inácio Lula da Silva já o torna inelegível pela chamada Lei da Ficha Limpa -
que colheu aplausos internacionais, e que corresponde a um grande avanço na
legislação penal-eleitoral, eis que ex vi de um tribunal superior - e não de
um juiz simples - que essa grande legislação de iniciativa popular - que
torna inelegível quem é condenado em segunda instância - garante que os candidatos a Presidente só possam concorrer na eleição
presidencial se não foram condenados por um tribunal colegiado (2ª instância).
( Fontes: Luiz de Camões, Lusíadas; The New York
Times; O Estado de S. Paulo )
[1]
Se quiserem conhecer melhor esse meu grande e velho amigo, leiam Cartas ao Amigo Ausente, que publiquei
neste modesto blog.
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