O
primeiro africano a presidir as Nações Unidas, comandou com competência e
personalidade a entidade por dez anos.
Nascido em Ghana em 1938, morreu ontem, dezoito de agosto, com oitenta
anos de idade. Em meio a algumas
mediocridades, o africano marcou presença à frente da Organização, tendo
recebido o Prêmio Nobel da Paz em 2001.
O mundo ainda se recuperava do ataque de Ben Laden às Torres Gêmeas, em
setembro de 2001, e os organizadores do Prêmio Nobel decidiram dar a Kofi Annan
e às Nações Unidas a distin-ção do Nobel, talvez na esperança de sinalizar aos
líderes internacionais acerca da importância da luta pela paz.
Por haver-se oposto à guerra de George
W. Bush contra o Iraque, calamitosa empreitada estadunidense, que daria
início ao período de declínio dos Estados Unidos, e haver denunciado como "ilegal" a
guerra contra Saddam Hussein, e as suas famosas e míticas armas de destruição em massa (WMD), o Secretário-Geral das Nações Unidas se tornara
alvo da diplomacia estadunidense.
Annan pagaria caro a audácia de denunciar a guerra de Bush ao Iraque. O
Secretário-Geral, abalado pela fatídica decisão estadunidense de invadir os
domínios de Saddam Hussein, a que se seguiu a morte, em Bagdá, do amigo pessoal
Sérgio
Vieira de Mello, seu enviado especial, e diante das usuais denúncias de
corrupção, Annan deu indicações de que abandonaria o cargo. Em seu livro, Fred Eckhart, por oito anos
porta-voz de Annan nas Nações Unidas, disse :"Annan viu a Carta da ONU ser
rasgada na sua cara". Tal foi a propósito da decisão americana de ignorar
o Conselho de Segurança, ao adotar a
estratégia de ataques preventivos e rever
toda a questão da tortura. No referido atentado contra Vieira de Mello, na sede
das Nações Unidas em Bagdá, em que o brasileiro morreu dessangrado, e junto
dele, outras 22 pessoas. Esse dia - 19 de agosto de 2003 - ele o considerou o
pior de seu mandato. Quando Annan
alertou que a guerra do Iraque era
ilegal, Eckhart disse haver avertido o Secretário-Geral de que teria problemas.
O que se seguiu foi uma chusma de acusações de corrupção contra Annan, que sói
ser a tática de os que se descobrem acuados - a maioria de tais ataques proveio
de aliados do governo de George W. Bush.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário