O título é longo, como longa foi a espera que a falta de
exame pelo STF do tema do aborto,
criminalizado pela Igreja e pela própria legislação civil, afinal parece chegar
a um objetivo que é observado em muitos países democráticos.
Nos Estados Unidos, esse direito foi
reconhecido pela Suprema Corte em 1973 na sentença emblemática do Roe v. Wade. Os tempos, no entanto, eram outros, e a
predominação de indicações republicanas para aquela Corte tem contribuindo para que esse direito basilar da mulher
americana venha sendo lentamente erodido, por disposições acessórias
introduzidas pelos juízes ditos conservadores que presidentes americanos do
Partido Republicano têm colocado naquela magna Corte.
Ocupei-me em blog recente do procedimento altamente discutível do líder da
maioria republicana no Senado americano, que partiu para a brutal negativa ao
Presidente Barack Obama de que exercesse o seu lídimo direito de apresentar um
grande nome, como o foi o do juiz Merrick Garland. Infelizmente, a cínica violência do líder da
maioria republicana, Mitch McConnell, só pôde vingar pela fraqueza do presidente
Obama, que a despeito de ter muita razão
não agiu em consequência, pecando pelo virtual silêncio e a inação, na prática,
com que jogou o jogo que o atrabiliário líder republicano desejava.
Mas passemos ao direito
brasileiro, em que a criminalização do
aborto é uma prática ainda observada, apesar do direito da mulher de dispor
dessa liberdade, que malgrado a onda conservadora nos Estados Unidos ainda lá é respeitado.
Como noticia o Estado, o STF vai iniciar hoje a
audiência pública sobre ação que pede a descriminalização do aborto até a 12ª
semana da gravidez. Segundo assinala o Estadão, nos dois dias da audiência
pública - hoje e segunda-feira - 45 pessoas serão ouvidas, entre representantes
de entidades médicas, religiosas e jurídicas, além de ONGs e movimentos sociais.
O primeiro a expor será o
Ministério da Saúde, que deverá reportar-se aos dados sobre procedimentos
clandestinos no País - a estimativa é de um
milhão de móvitos por ano no Brasil. Do total, 250 mil são internadas e
quinze mil sofrem complicações por causa do procedimento. Dessas, duzentas em
média morrem por ano.
Das consequências da
criminalização do aborto, se ocuparão diversas entidades médicas. Segundo
Rosires Andrade, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia,
serão apresentadas evidências científicas de que a interrupção da gravidez é segura até a 12ª semana da gestação.
serão apresentadas evidências científicas de que a interrupção da gravidez é segura até a 12ª semana da gestação.
De parte católica, o Movimento
Católicas pelo Direito de Decidir também defende a descriminalização.
Com elas, estarão ainda mulheres de entidades protestantes e evangélicas
favoráveis ao aborto.
Por fim, a socióloga Maria José Rosado, do Católicas pelo Direito de Decidir, afirma: "O próprio Papa Francisco, embora contra o aborto, já declarou que padres podem perdoar mulheres que abortam e não excomungá-las."
Por fim, a socióloga Maria José Rosado, do Católicas pelo Direito de Decidir, afirma: "O próprio Papa Francisco, embora contra o aborto, já declarou que padres podem perdoar mulheres que abortam e não excomungá-las."
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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