O
Senador pelo Arizona John McCain, em época de carência de grandes vultos, sai
de cena, com a discrição e a nobreza que não lhe vieram por acréscimo, mas que faziam
parte da própria natureza.
Alguém
por um breve momento terá acaso trepidado diante das palavras de quem jamais
lhe esteve à altura, quando ousou insinuar que bons soldados não caem
prisioneiros?
Acaso
terá passado pela mente de tal pessoa que o bom soldado é aquele que está acima
das contingências da sorte, e que, em qualquer circunstância, pela própria
têmpera e coragem, está acima dos desafios da fortuna?
E que
em tais ocasiões confia ao silêncio a resposta devida ao falastrão?
John
McCain fará falta e muita. Não ao Partido Republicano, nem ao Democrata, embora
fosse por ambos respeitado. A sua
presença cresce, como sói ocorrer aos grandes vultos. Ao invés da demagogia, ele
não carece de muitas palavras para que se lhe sinta a própria falta, eis que a
sua presença é feita de serena afirmação, corroborada por um passado que McCain
soube trazer consigo, não carecendo nem de lisonja, nem de gratuitos louvores.
Em momento em que muitos julgam mais oportuno recuar ou silenciar,
McCain deu aos Estados Unidos o exemplo de dedicação que se estendeu à
cabeceira da própria soez enfermidade. Enquanto tantos recuam, ele optou por
dar nesta hora o próprio testemunho, e como aqueles que não carecem de
palavras, optou pela discrição, ao invés de túrgidas frases.
Republicano que foi, a sua presença era grande
demais para negar-se ao diálogo com os democratas. Seria, por isso, respeitado já em vida,
fenômeno raro em época em que o bipartidismo semelha algo do passado, como se a
concordância nos grande temas nacionais fosse tabu aos integrantes dos dois
grandes partidos.
Preside aos Estados Unidos alguém que tentou ofendê-lo em vida. Ledo
engano! Como pode essa pessoa tentar rebaixá-lo, ele que é a própria negação
deste gigante americano?
Pelas suas características, pelo seu
brilho, pela coragem e capacidade de transcender às mofinas cercas das contraposições
sectárias, John McCain é personagem que
os Estados Unidos devem assumir na sua luzente qualidade de unir ao invés de
cindir, de enfrentar quando é preciso, e de reconhecer o que é justo, malgrado
os eventuais rótulos, pois ele na sua coragem, na sua firmeza, e na respectiva
e inerente justiça simboliza valores e princípios que as contingências da
política jamais lograrão fazer esquecer e, pior ainda, menosprezar.
( Fonte: The New York Times )
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