sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Trump está no caminho do impeachment


         Como os cognoscenti diziam, os problemas de Donald Trump tenderiam a acentuar-se quando chegasse a hora de  seu advogado particular ver-se às voltas com o FBI e a justiça.
           Realmente as admissões e as confissões  do advogado Michael Cohen, envolvido em evasão fiscal, fraude bancária, e violação de financiamento de campanha não pode-riam ser mais destrutivas para o que resta da imagem do presidente.
           No entanto, em Washington, a  perspectiva do impeachment com as maiorias do GOP em Câmara e Senado não pareceria assim tão brilhante.
           Em análise política de Paul Waldman, do Washington Post, não basta acreditar que Trump mereça o impeachment, para levar os democratas de volta à Casa Branca. São necessários 67 votos para condenar Trump no Senado, nada indicando que quinze ou vinte senadores do GOP votem pela sua destituição.
            Tampouco a situação na Câmara seria favorável para que a questão seja levada ao Senado.
              Mas os comentaristas do Belt-way (anel estradal, que é metáfora para designar o meio de Washington), podem ser volúveis e esquecer-se da participação popular. O Procurador-Geral  J. Sessions não é dessa opinião, e por isso, como ministro da Justiça na prática, dissociou-se de Trump.
             Por outro lado, pouco se sabe sobre o conteúdo das acusações do Conselheiro Especial Robert Mueller III (conexão russa) as quais poderiam ter um ulterior efeito corrosivo sobre a posição do Presidente.
              Se os democratas jogarem bem as suas cartas,  a fraqueza real do presidente Trump e toda a podridão ética que está vindo à tona terão forte efeito nas eleições intermediárias que, como um salteador de beira de estrada, aguardam pela passagem de um chefe de governo desmoralizado (escândalos sexuais) e enfraquecido politicamente (questões embaraçosas ativadas pelos crimes cometidos (e confessos) por seu advogado particular Michael Cohen, desde muito havido como uma bomba ambulante em termos dos diversos crimes por ele cometidos para livrar Mr Trump das confusões (sexuais e outras, em que S.Excelência se meteu).
                 Com a compreensão dos meus leitores, é muito difícil não vislumbrar nesse drama barato e vulgar, de um presidente que em termos éticos rivaliza com Richard M.Nixon, não só a desonestidade de Mr Trump, mas também a decorrente completa falta de escrúpulos, que o levou, durante toda a campanha para a presidência, martelar  junto ao seu público como objetivo levar Crooked Hillary para a cadeia. Destituído de preocupação ética e mesmo moral, o seu slogan eleitoral - em um arco de cinismo dificil de ser igualado - pôr crooked Hillary na cadeia !  Apesar de sua vulgaridade e grosseria, Donald Trump ao montar essa calúnia gigantesca,  não sabia decerto do conselho do personagem do Barbeiro de Sevilha[1] - caluniai, caluniai, porque algo sempre há de restar! 
                   Mas agora, na cena aberta quem se vê senão Crooked Trump, cercado de seu bando de crooks, a maior parte deles já o reconhecendo como um igual, o patife que é, com a carga da vulgaridade das mulheres que desejava na cama, e de que pensou o advogado Cohen o tivesse livrado !  

( Fontes: O Estado de S. Paulo; Caron de Beaumarchais )




[1] Peça de Caron de Beaumarchais (1732-1799)

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