Fazia muito que pesava
sobre Antonio Palocci a suspeita das 'consultorias'. Visto com um
bom, excelente mesmo quadro do PT, a sua trajetória no grande serviço público
se viu várias vezes prejudicada por suspeitas que se lhe atravessaram no
caminho.
Tal
ocorrera na Casa Civil de Dilma e no Ministério da Fazenda, no governo Lula,
quando o estranho caso do caseiro interrompeu-lhe a exitosa trajetória.
No
tempo anterior à Lava-Jato, gerou
suspicácia o cabedal acumulado por Palocci. Demasiadas consultorias, que por
seu montante acumulado se tornam algo difíceis
de engolir.
Hoje, Antonio Palocci inaugura a
35ª fase da Lava-Jato, com o cognome de 'omertá' (que é o silêncio dos mafiosos
sobre os respectivos crimes). O fato que venha a ser retirado da penumbra por essa nova fase da Lava-Jato, é mais um
golpe no Partido dos Trabalhadores, já enfraquecido pela carga excessiva da corrupção
que não parece ter recato algum.
Ele é investigado como operador de propinas
das empreiteiras, uma espécie de elo para essa corrupção sistêmica. Levantar os
véus deste melancólico período, é um exercício necessário, embora deprimente.
Sendo solícito atuante em favor das negociatas entre PT e empreiteiras. Na mensagem do gárrulo Marcelo Odebrecht (presidente afastado da empresa), este último
afirma que Palocci iria 'compensar' revés sofrido em lobby de uma Medida
Provisória em 2009: "Ele mesmo pediu, além dos argumentos para a
sanção/veto parcial, que levássemos alternativas para nos compensar. Sejamos criativos."
Nunca se viu tanto cinismo, ou tão pouca cura do desastre iminente. Parecem
moradores de Pompéia que levantam taças
do bom vinho da terra em homenagem ao Vesúvio que logo os sepultaria na lava que vomitaria da própria cratera.
Palocci também teria atuado na licitação da Petrobrás para compra de 28
navios-sonda, no desenvolvimento de submarino e no financiamento do BNDES para obras em Angola.
A
prisão de Palocci teve outras repercussões. Para a Pasta mais antiga do
governo, e que tem como norma a discrição, é forçoso convir que o Ministro da
Justiça, Alexandre de Moraes fala demais e, por conseguinte constrange desnecessariamente ao Presidente
Michel Temer. Mexeu em casa de marimbondos ao antecipar a nova etapa da
Lava-Jato. Parece que não entendeu ainda a autonomia da Polícia Federal em termos de tais operações.
A
sua posição na Pasta esteve por um fio, mas ao fim e ao cabo Michel Temer optou
por suavizar a ´bronca´, pois não lhe
interessa ter mais uma crise na esplanada dos ministérios.
Essa operação da Lava-Jato en
passant vibra ulterior golpe nos
latagões do Partido dos Trabalhadores. Faz tempo que a sua presença saíu da
página política para esparramar-se na reservada aos escândalos.
A
figura de Lula parece uma sombra do fasto antigo. Lembram-se da sua então
enésima operação de eleger postes, com o acordo de última hora, com esse
estadista do governo militar, Paulo Salim
Maluf, que muito folgou em apoiar o jovem professor universitário Fernando
Haddad para a prefeitura
paulistana.
Passa o tempo, e Haddad, decerto empurrado pelo PT, faz carreata em São
Paulo, na qual se entrevê um Lula que em
nada parece com o espécime anterior, que ria solto com o favor popular e a sua valsa dos postes.Vejam ilustres passageiros como se acabou o belo tipo faceiro que se agarra ao bonde da história. Desapareceu-lhe o sorriso, que vira esgar. E o seu candidato olha inquieto o
incômodo trajeto, ansiando por um pronto fim para a comédia. Então poderá voltar para a
própria cátedra, que agora lhe parece tão mais interessante...
(
Fontes: O Estado de S. Paulo; Folha de S. Paulo )
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