Temer
contra reajuste
Ganhando o que ganham, constrange
essa sofreguidão de Ministros do Supremo em pleitearem a cada ano gordos
reajustes. Não se pode tudo atribuir à presidência de Ricardo Lewandowski,
porque no passado também foi assim. Não é à toa que o Presidente Temer recebe
apelos de governadores para que não deixe passar o incremento inflacionário que
corre em projeto no Congresso: "Pelo amor de Deus, Temer, não deixe passar
isso". O presidente cita apelos que vem recebendo de Governadores nesse
sentido.
É de aplaudir-se o que declara
Temer, outrossim, ao Globo: diz ele que
seu Governo não abrirá mão do "conceito de teto" e não permitirá
despesas acima da inflação, inclusive nas áreas de Saúde e Educação. O
incremento nos salários dos ministros do Supremo, prevê no projeto respectivo,
reajuste de R$ 33,7 mil para 39,2 mil em 2017, o qual tramita no
Congresso.
Nas palavras do Presidente, "isso daí gera uma cascata gravíssima.
Porque pega todo o Judiciário, outros setores da Administração, todo o
Legislativo",
A sua sucessora, Carmen Lúcia, tem
muito boa imprensa e é justo que assim seja. Torço para que a sua austeridade
também se reflita em maior comedimento em termos de incrementos salariais no
futuro, porque os nossos juízes ganham bem, mas deverão ter presente que o
Brasil é ainda país em desenvolvimento. A magistratura deve receber de forma
apropriada, mas sem exageros. Na recente viagem aos Estados Unidos de que
participaram alguns de nossos magistrados dessa Corte, perguntou alguém aonde
os ministros do Supremo americano tinham parqueadas as viaturas que lhes
correspondia.
Será que da resposta recebida algo
terão filtrado dos excessos que se costuma exigir do Estado aqui em Pindorama.
Pois lá, no país mais rico e poderoso do mundo, somente o Chief Justice (presidente) do Supremo tem direito a carro
oficial... Já na terra em que no Congresso e no Supremo todos têm carro oficial
- e obviamente não é comparável o estapafúrdio desperdício com Câmara e Senado,
do que com o STF, mesmo assim fica o exemplo.
Enquanto me coube a representação
do Brasil em assuntos do Mar, sempre me surpreendeu o luxo asiático de certos
chefes de delegação, em especial os africanos, o que não via em outros, representantes de
países muito mais ricos, na escolha de sua hospedagem em hoteis novaiorquinos.
Por isso, creio que deve ser
apoiada a posição do Presidente Temer, enquanto envida esforços para conter os
aumentos inflacionários e a sobrecarga
para o Tesouro. Assim, não se deveria imitar ao automatismo que pretende
Lewandowski. O que é desastroso nesses aumentos é que a magistratura já é muito
bem aquinhoada, e deve dar, portanto, o bom exemplo, porque senão, depois do
desastroso desregramento fiscal da Presidenta, é mais do que hora para pôr
ordem nas finanças do Brasil. Os
magistrados já ganham muito bem e devem dar o exemplo para os demais. Esse DNA
inflacionário que persiste no Judiciário, como se vê com o liberalismo de
Lewandowski, tem de ser combatido.
A Indispensável Reforma da Previdência
Na
manchete da Folha de hoje, "Sem
reforma da Previdência, país deve empobrecer".
O prazo para as mudanças na
Previdência está ficando mais curto. A razão é simples: o chamado bônus demográfico - em que o grupo de
pessoas em idade para trabalhar cresce mais rapidamente que o número de idosos
e crianças - deve acabar até
o ano 2030.
Assinale-se
que a demografia se tornou favorável ao crescimento econômico a partir dos anos
setenta. Assim, nascidos na explosão
populacional nas décadas de cinquenta e sessenta, chegaram ao mercado de
trabalho e, entre 1980 e 2010, a população
de quinze a 59 anos saltou de 56% para 65%
do total. Como se verifica, esse
fenômeno demográfico elevou a geração de renda para assistir crianças e idosos.
Ainda
por cima houve também a expansão da poupança e da capacidade de investimento.
No entanto, como é tristemente
comum na Administração, o Brasil perdeu esse bonde. Tinha a chance de
equilibrar a Previdência - fatia dos gastos federais que mais cresce - antes
que a taxa de fecundidade começasse a declinar.
É com retardo, portanto, que o Governo Michel Temer (PMDB) deve
enviar neste mês ao Congresso sua proposta de reforma previdenciária (o PT
de Lula e Dilma perderam esse bonde).
Sem embargo, para os
especialistas, além de frear gastos na
Previdência, o país terá de melhorar a Educação e elevar a produtividade
do Trabalho para crescer de forma sustentada.
Temer declara que o seu Governo
não abrirá mão do "conceito de teto", e não permitirá despesas acima
da inflação, inclusive nas áreas de Saúde e Educação.
Entrevista a VEJA do
A-G-U.
A entrevista de Fábio Medina Osório, ao ser demitido da Advocacia-Geral da União
por Temer, pode ser comparada à atitude dos Partas na Antiguidade, ao lançarem
flechas e lanças contra o inimigo, na hora de partirem em fuga.
As declarações de Osório
foram dadas à revista VEJA, que circula nesta semana. Foi chamado a seu gabinete pelo Ministro-Chefe da
Casa Civil, Eliseu Padilha que tentou convencê-lo a se exonerar. Padilha chegou a usar como exemplo o pedido que
o Chefe da AGU fez ao Supremo para ter
acesso aos inquéritos de políticos
envolvidos na Operação Lava-Jato.
A intenção de Osório era
mover ações de ressarcimento contra políticos, a exemplo de o que a AGU fizera
com as empreiteiras acusadas de envolvimento no Petrolão.
A esse propósito, afirmou o
ex-AGU: "não tenho dúvida (de que
sua demissão está ligada a esse episódio). Fui demitido porque contrariei muitos interesses. O
governo quer abafar a Lava-Jato. Tem muito receio de até onde a Lava Jato pode
chegar".
Ainda segundo o
ex-Ministro, a "AGU tem a obrigação de buscar a responsabilização de
agentes públicos que lesam os cofres federais."
Segundo a Folha, entre
os políticos cujo acesso aos inquéritos foram autorizados pelo STF estão o do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente do PMDB
Valdir Raupp (PO).
Assinale-se, por fim,
que a situação de Osório no governo se complicou após ele demitir um de seus
adjuntos, Luis Carlos Martins Alves Júnior. Alves defendia, assim como Padilha
(que havia indicado Osório para a AGU, e que era -ou é - bastante ligado a
Medina Osório, ambos provindo da política do Rio Grande do Sul) que a AGU deveria se afastar de inquéritos
envolvendo políticos na Lava Jato, e se
concentrar na defesa do patrimônio público.
Por outro lado, será
acaso coincidência que Medina Osório
também bateu de frente contra Grace Mendonça, secretária-geral da área
do contencioso da Pasta, que foi confirmada para substituí-lo e que se torna a
primeira mulher a ocupar cargo de escalão ministerial no Governo Temer ?
Estranhíssima liminar
do Ministro Marco Aurélio Mello
Como no seu amplo levantamento, o colunista Merval Pereira semelha já indicar, contraria a jurisprudência do STF a decisão por liminar do Ministro Marco Aurélio Mello, também do Supremo, que determinou o desbloqueio da indisponibilidade de dois bilhões em bens das empreiteiras Odebrecht e OAS que havia sido decretada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), em função do notório superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco.
Concordo com Merval Pereira de
que isto é mais uma medida polêmica, mas tenho muitas dúvidas de que essa
liminar de Marco Aurélio terá vida longa, e que venha a eventualmente
inviabilizar a tentativa de recuperar dinheiro desviado da Petrobrás no
escândalo ora investigado pela Operação Lava Jato.
Em tons dramáticos, o Ministro
Marco Aurélio Mello, além de questionar o poder do TCU de bloquear bens de
empresas particulares, concordou com a defesa da empreiteira: (...) "a
manutenção da medida cautelar pode sujeitar a impetrante à morte civil (sic)".
Acontece, como assinala Merval Pereira,
que o STF já havia analisado a questão dos poderes do TCU quanto ao bloqueio de bens quando o
ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró e o ex-presidente da estatal Sérgio
Gabrielli tentaram anular a indisponibilidade decretada pelo Ministro José
Jorge, referente ao escândalo de Pasadena." Sorteado
como relator do mandado de segurança o Ministro Gilmar Mendes, que negou
a liminar e, em seguida, proferiu um acórdão na Segunda Turma, acompanhado por
todos os Ministros: (...)" quanto ao mérito, não há que se falar em
ilegalidade ou abuso de poder em relação à atuação do TCU que, ao determinar a indisponibilidade dos bens,
agiu em consonância com suas
atribuiçõess constitucionais, com disposições legais e com a jurisprudência
desta Corte."
A jurisprudência no Supremo é
tal, que não há o que discutir na matéria.
O Ministro Gilmar Mendes cita igualmente o julgamento do mandado de
segurança 24.510/DF, cuja relatoria foi da ministra Ellen Gracie, e onde o
Ministro Celso de Mello acentuou a importância da legitimidade constitucional
concedida ao TCU para adotar medidas cautelares destinadas a conferir a real
efetividade às suas deliberações finais, de modo a permitir que possam ser
neutralizadas situações de lesividade, atual ou iminente, ao erário."
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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