Francisco Severino Lanzetta era o seu
nome. Casado com a minha tia Deborah, eles formariam um casal feliz, mas sem
filhos. Quando nasci, meus pais os escolheram para que me levassem à pia
batismal. Dada a minha tenra idade de então, lamento não estar em condições de
informar em que Igreja - católica, é claro - fui batizado. Suponho, no entanto,
que tenha sido na cidade de Rio Grande (sou natural de um longo parto, de cerca
de vinte horas, no hospital São Francisco Xavier, em Porto Alegre).
As primeiras imagens foram tiradas em
bairro novo de Rio Grande, onde apareço com as gorduras características da
tenra idade entre seis e oito meses, deitado em sofás de palha na varanda de
bangalô que ficara em área próxima da Swift, o frigorífico americano em que
trabalhava Chico.
Outra lembrança que tenho da infância foi da
viagem que fizemos, o padrinho e eu, em barco a vapor que nos levou de Rio
Grande, quase na saída da Lagoa dos Patos, até Porto Alegre. Lembro-me de
camarote apertado e os beliches correspondentes.
Quanto à vestimenta que levava, a
sua estranha composição foi logo
entrevista, ainda que à distância, por minha
mãe.
Do cais acenaram para Chico e o infante que
levava, um tanto desajeitado, no colo. A maneira com que ele me vestira seria
assunto na família e prato para boas, mas simpáticas risadas.
Chico era descendente de
italianos, como o sobrenome o indicava. Segundo hoje me lembro, toda a sua
postura relembrava o jeitão desse povo, simpático, extrovertido, mas por vezes
de gestos bruscos, meio desajeitados.
Como então se dizia, ele
acompanhava o século, havendo nascido em 1900.
Desses primeiros tempos, a única
imagem que sobrenada na memória, guardada decerto por acaso, em relances sem
princípio nem fim, é a de Chico dirigindo na precária pista de areia dura da
praia do Cassino, um Ford modelo 34. Lá estou eu, o vendo entrar e sair nervoso
do auto. Mas não me perguntem mais nada, porque para mim esse filme acaba aí.
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